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Estado de Minas

Em regiões mais pobres do país, sentimento do eleitor é de raiva

Promessas não cumpridas geram desconfiança da população que relembra promessas não cumpridas


postado em 31/08/2014 00:12 / atualizado em 31/08/2014 07:21

Brasília – Onde asfalto, rede de esgoto, ônibus e segurança não chegam, sobram santinhos, faixas fincadas no chão, carros de som e visita de políticos. Às vésperas das eleições, bairros pobres se transformam em verdadeiros pontos de romaria de candidatos em busca de votos. O Sol Nascente, apontado como a maior favela do Brasil, localizado a 35 quilômetros do Palácio do Planalto, em Ceilândia, é exemplo. Lugar onde Marina Silva (PSB), ainda ao lado de Eduardo Campos, deu a largada na campanha. E que deve entrar na agenda de outros presidenciáveis. Por lá também já passaram os três principais concorrentes ao governo do Distrito Federal, além de aspirantes a deputado e senador. Entre os eleitores, um misto de desinteresse, desconfiança e até raiva.


“Gente que nunca apareceu por aqui agora vem querer abraçar, botar criança no colo, tirar foto. Eu não acredito. Depois que eles ganham, nunca mais voltam”, reclama Thays Sthefany Silva Sousa. O sentimento da piauiense de 20 anos, que mora e trabalha vendendo verduras no Sol Nascente, repete-se em locais carentes visitados pelo Estado de Minas em São Paulo, Minas Gerais, Goiás e  Pernambuco. Não importa a região, faixa etária ou experiência com as urnas, o sentimento da população é o mesmo: todos são vítimas do oportunismo eleitoral que só aproxima os políticos da pobreza em período de campanha.

Caça aos votos 

Encravada em Ceilândia, a região do Sol Nascente, que tem como extensão o loteamento denominado Pôr do Sol, abriga quase 80 mil pessoas, de acordo com levantamento mais recente da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan). Desse total, 50 mil votam. Número mais do que suficiente para eleger um deputado distrital. O de melhor performance, nas eleições de 2010, teve 37 mil votos. A matemática atrai dezenas de candidatos ao local, onde a irregularidade da ocupação impulsionada desde os anos 2000 – 79% dos domicílios são próprios, mas não há documentação válida – acompanha a precariedade dos serviços básicos.

Wiliane Carmo dos Santos, de 30 anos, quatro filhos e o quinto na barriga, vive em uma das 94% de moradias do Sol Nascente sem rede de esgoto. Para ela, que faz uso de uma fossa no quintal, o serviço melhoraria a saúde dos quatro meninos, que também sofrem com bicho de pé. Funcionária de um lavajato no Setor de Indústrias Gráficas, Wiliane demonstra total desinteresse pelo processo político e se aborrece com os santinhos de candidatos que sujam a frente do portão da casa humilde, onde mora com o marido, a mãe, um tio e as crianças. “Eles falam, falam e não fazem nada.”

Segundo a vendedora de verduras Thays Sthefany Silva Sousa, de 20, além da falta de infraestrutura, um problema crucial que aflige a população é a falta de segurança. “Depois das oito da noite aqui, a gente não sai mais, só por necessidade mesmo”, conta.

O desemprego no Sol Nascente, em torno de 5,6%, não chega a ser um problema. A proximidade com Brasília, Taguatinga e a própria Ceilândia, onde há oportunidades de trabalho, facilita a ocupação. Mas a taxa de pessoas com carteira assinada, entre as que têm emprego remunerado, é baixa: 54,1%. O rendimento familiar médio é de R$ 1.833,25 – menos de 20% do registrado no Plano Piloto (cerca de R$ 10 mil).

 


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