“Gente que nunca apareceu por aqui agora vem querer abraçar, botar criança no colo, tirar foto. Eu não acredito.
Caça aos votos
Encravada em Ceilândia, a região do Sol Nascente, que tem como extensão o loteamento denominado Pôr do Sol, abriga quase 80 mil pessoas, de acordo com levantamento mais recente da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan). Desse total, 50 mil votam. Número mais do que suficiente para eleger um deputado distrital. O de melhor performance, nas eleições de 2010, teve 37 mil votos. A matemática atrai dezenas de candidatos ao local, onde a irregularidade da ocupação impulsionada desde os anos 2000 – 79% dos domicílios são próprios, mas não há documentação válida – acompanha a precariedade dos serviços básicos.
Wiliane Carmo dos Santos, de 30 anos, quatro filhos e o quinto na barriga, vive em uma das 94% de moradias do Sol Nascente sem rede de esgoto. Para ela, que faz uso de uma fossa no quintal, o serviço melhoraria a saúde dos quatro meninos, que também sofrem com bicho de pé. Funcionária de um lavajato no Setor de Indústrias Gráficas, Wiliane demonstra total desinteresse pelo processo político e se aborrece com os santinhos de candidatos que sujam a frente do portão da casa humilde, onde mora com o marido, a mãe, um tio e as crianças. “Eles falam, falam e não fazem nada.”
Segundo a vendedora de verduras Thays Sthefany Silva Sousa, de 20, além da falta de infraestrutura, um problema crucial que aflige a população é a falta de segurança. “Depois das oito da noite aqui, a gente não sai mais, só por necessidade mesmo”, conta.
O desemprego no Sol Nascente, em torno de 5,6%, não chega a ser um problema.
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