Jornal Estado de Minas

Marcado por confrontos diretos, primeiro debate na TV esquenta corrida presidencial

Aécio, Dilma e Marina trocaram provocações. Gestão da Petrobras, inflação e geração de trabalho foram os principais temas debatidos

Juliana Cipriani
Debate esquentou já no início, quando foi permitido perguntas entre os candidatos - Foto: Miguel Schincariol / AFP

No primeiro debate em que estiveram frente a frente, os três principais candidatos à Presidência da República – a presidente Dilma Rousseff (PT), o senador Aécio Neves (PSDB) e a ex-senadora Marina Silva (PSB) – partiram para confrontos diretos, atacando os pontos fracos de cada adversário. Inflação, denúncias de corrupção na Petrobras e a comparação das administrações tucana e petista inspiraram a troca de farpas entre os presidenciáveis. Enquanto Dilma e Aécio valorizaram suas gestões nos governos federal e de Minas Gerais e procuraram desconstruir um ao outro, Marina partiu para o ataque contra os dois.

Um dos embates mais fortes entre Dilma e Aécio foi sobre as denúncias na Petrobras. Aécio disse que a petista deve “pedir desculpas” à sociedade “pela gestão temerária”, creditando a ela o fato de ter estado 12 anos em cargos nos quais teria “mãos de ferro” sobre a estatal. Segundo o tucano, a Petrobras perdeu metade do valor de mercado e foi parar nas páginas policiais. Dilma respondeu que o governo do PT descobriu petróleo na camada do pré-sal e aumentou o valor da estatal. “Concedemos à Petrobras um volume de reservas para que ela se transforme em uma das maiores empresas de petróleo do mundo. Não fomos nós que queríamos mudar o nome da Petrobras para Petrobrax, que soava melhor aos ouvidos estrangeiros”, afirmou.
Em réplica, Aécio disse ser uma leviandade tratar a Petrobras como vem ocorrendo e afirmou: “Todas as denúncias acabam caminhando na direção do benefício ao seu partido e a partidos políticos que lhe dão apoio.”

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O debate esquentou já no início, quando foi permitido aos candidatos perguntarem entre si. Dilma disse que o desemprego na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) era o dobro do registrado na sua e Aécio respondeu que a petista olha para trás por ter receio de debater o presente e nada ter a apresentar. O tucano disse ainda que o governo do PT “se valeu da herança bendita dos tucanos, mas, infelizmente, ela acabou”. Dilma respondeu que o governo do PSDB “quebrou o Brasil três vezes”, quando precisou recorrer ao Fundo Monetário Internacional, propôs aumento de tarifas e o congelamento dos salários.

Marina Silva, que procurou disparar munição contra Dilma e Aécio perguntou à petista se o pacto anunciado por seu governo com a população como resposta às manifestações de junho do ano passado falhou. Também afirmou que a reforma política prometida pela petista deu lugar às barganhas de ministérios. “Esse Brasil que a presidente Dilma acaba de mostrar, colorido, quase cinematográfico, não existe na vida das pessoas”, disse Marina. A candidata do PSB chamou o programa Mais Médicos, do governo federal, de paliativo e foi rebatida por Dilma, que disse que o país não poderia esperar a formação de profissionais e que a saúde de 50 milhões de brasileiros não pode ser considerada algo paliativo. Já Aécio cobrou de Marina coerência, citando o fato de ela ter dito que não subiria em palanques, como o do tucano Geraldo Alckmin em São Paulo e depois que gostaria de governar com o ex-governador José Serra. (PSDB). Marina disse sentir-se coerente ao combater a “velha política” que, segundo ela, é a polarização entre PT e PSDB.

O aumento da inflação também esteve presente. Enquanto Aécio pediu às donas de casa que percebam se compram com o mesmo valor o que compravam antes na feira, Dilma garantiu que a inflação está sendo “sistematicamente reduzida”. A petista disse que o país está enfrentando uma das mais graves crises internacionais e que seu governo se recusa a repassar os efeitos para o trabalhador.

Na despedida, Aécio disse que, se eleito, reunirá os melhores nomes da economia e garantiu a presença do ex--presidente do Banco Central Armínio Fraga em seu eventual governo.

Coadjuvantes na briga, os candidatos com menos tempo de televisão – Pastor Everaldo (PSC), Luciana Genro (PSOL), Eduardo Jorge (PV) e Levy Fidelix (PRTB) – aproveitaram o programa para se apresentar e atacar os três melhores colocados..