Jornal Estado de Minas

Diplomacia é alvo de Aécio

Candidato do PSDB criticou retirada, pelo Itamaraty, de embaixador brasileiro de Israel e cobrou uma palavra 'mais clara' de convocação a um cessar-fogo na Faixa de Gaza

Jorge Macedo - especial para o EM
Leonardo Augusto

 

Ao lado de José Serra (E) e Geraldo Alckmin, Aécio Neves visitou a Feira Tecnológica da Zona Leste, em SP - Foto: Marcos Fernandes/Coligacao Muda Brasil


O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, afirmou ontem ter faltado equilíbrio ao Brasil na reação ao conflito entre israelenses e palestinos. Na quarta-feira, o Itamaraty emitiu nota condenando a violência na região e chamou de volta seu embaixador em Telavive, Henrique Sardinha Pinto. Na diplomacia, esse tipo de convocação é uma forma de protesto. Conforme o último levantamento, 33 israelenses e 678 palestinos já morreram durante o conflito.

Para Aécio, é preciso condenar o uso excessivo da força por parte de Israel e dar o mesmo tratamento às ações do Hamas. “Faltou um brado, uma palavra mais clara de convocação a um cessar-fogo e a um entendimento entre as partes. O Brasil se precipitou, a meu ver, em uma nota com um viés muito mais unilateral do que seria conveniente e esperado de um país como o Brasil. Como disse, temos que condenar a violência de todos os lados. A palavra do Brasil tem que ser sempre a do equilíbrio e faltou (equilíbrio), mais uma vez, nesse campo”, afirmou.


O candidato do PSDB à Presidência, juntamente com os candidatos ao governo do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e ao Senado, José Serra (PSDB), tentaram fazer campanha ontem no Parque da Juventude, onde funcionou o antigo presídio do Carandiru, mas encontraram a área completamente vazia.

Os três passaram então a discutir novo local para a campanha. Pensaram em ir ao Mercado Municipal para comer sanduíche de mortadela, mas acabaram indo para a Feira Tecnológica da Zona Leste, em Itaquera.

Na avaliação de Aécio, o Brasil precisa mudar sua política externa. “O Brasil, ao longo dos últimos anos, optou por um alinhamento ideológico, e é ele que conduz as principais ações do governo, a meu ver, com prejuízos graves ao Brasil, em relação à incapacidade que tivemos ao longo desses últimos anos para ampliar as nossas relações com o mundo”, disse.

O candidato voltou a citar conversa que teve na segunda-feira com o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso. “Ele próprio testemunhava a perda de espaço do Brasil com o atraso, por exemplo, das negociações com a comunidade europeia. Ao mesmo tempo em que eles avançam em entendimentos, a União Europeia, com o Canadá e com os Estados Unidos, apenas um exemplo muito claro, o espaço que havia sido negociado para produtos do agronegócio, onde o Brasil é extremamente competitivo, essas cotas estão sendo ocupadas a partir dessas outras negociações, os espaços para o Brasil ficarão cada vez mais estreitos”.

Parceria Questionado sobre a decisão de abrir espaço em seu palanque para o candidato à Presidência Eduardo Campos (PSB), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), desconversou. “Quem é do PSB vai apoiar o Eduardo Campos. Quem é do PSDB apoia o Aécio, que é o meu candidato”, disse, ao lado do candidato mineiro, em evento na capital paulista ontem. O PSB é aliado de Alckmin em São Paulo e terá a vice na chapa tucana. Sobre a resistência da candidata a vice na chapa de Campos, Marina Silva, de ter sua imagem associada ao tucano em propagandas eleitorais, Alckmin disse apenas que “respeita” e tem “grande apreço pela ex-ministra”.

Alckmin também rebateu a acusação feita pelo provedor da Santa Casa de São Paulo, Kalil Rocha, de que o governo estadual deixou de repassar recursos federais à instituição. “Tudo que o governo repassa nós repassamos para a Santa Casa”, reforçou. O governador manifestou apoio à proposta de instalar uma auditoria para verificar o repasse de recursos.
“Mas o problema não é só da Santa Casa de São Paulo, é de todos que atendem ao Sistema Único de Saúde (SUS)”, ressalvou. (Com agências)

Ataque à polarização


O ex-governador de Pernambuco e candidato às eleições presidenciais pelo PSB, Eduardo Campos, voltou a dizer ontem, em entrevista coletiva concedida em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, que é preciso ter coragem para romper com a velha política e construir um novo caminho. “Vamos mostrar que estamos prontos para fazer a mudança política que o Brasil deseja”, afirmou, na companhia da vice-presidente da chapa,  Marina Silva, e do candidato do partido ao governo de Minas, Tarcísio Delgado.

 Segundo Campos, a política no Brasil está com “os pés a canoa do PT, que governa, e na canoa do PSDB, que já governou cercado da velha política.” A mesma opinião tem a candidata a vice. “A quebra da polarização PT-PSDB é o que vai unir o Brasil”, disse Marina. Só quebrando essa polarização, segundo Campos, seria possível ter uma nova forma de governabilidade e que envolva a sociedade.

Ele afirmou ainda que as conquistas do presente serão preservadas, mas para mudar o futuro é preciso melhorar a educação, a saúde e a segurança, garantindo serviços de qualidade e melhorando as condições de vida da população. Para tanto, Campos diz que o primeiro eixo é um novo Estado brasileiro e uma “democracia de alta intensidade”.

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