O clima se acirrou logo de manhã, quando a Polícia Militar foi acionada para impedir que grevistas realizassem piquetes nas estações de metrô, impedindo os funcionários que não aderiram à paralisação de trabalhar. Na estação Ana Rosa, PMs usaram balas de borracha e bombas de efeito moral, de acordo com a corporação. Os grevistas afirmaram, entretanto, que foi usado gás lacrimogêneo. Houve confusão. Jurandir Fernandes, secretário de Transportes Metropolitanos, informou que havia acertado com o titular da Segurança, Fernando Grella, o esquema para impedir os piquetes.
Em uma demonstração do acirramento da situação, o secretário anunciou que o governo encaminhou um pedido de urgência para o julgamento da legalidade da greve, marcado inicialmente para o domingo, mas que pode ocorrer hoje. A ideia é que, dependendo da decisão, a pasta possa começar a demitir os grevistas. Secretário-geral do Sindicato dos Metroviários, Alex Fernandes elevou o tom, ao responder a ameaça, dizendo que a categoria vai “até as últimas consequências” e que não está “assustada” com a possibilidade de perder o emprego.
Outra tentativa de dar fim à greve, por parte do governo, foi encaminhar, ontem de manhã, 220 telegramas a condutores de trens pedindo que fossem trabalhar no turno que começou às 14h. E mais 220 seriam mandados para os empregados que cumprem expediente à noite. O objetivo é que as correspondências sirvam como prova de que os metroviários sabiam da ilegalidade do movimento. O envio dos avisos também foi criticado por Alex. Ele considerou que o Metrô está pressionando as pessoas a voltar a trabalhar, em uma violação ao direito constitucional de greve.
Em dias comuns, costumam passar pelo metrô de São Paulo cerca de 4,5 milhões de passageiros. Na quinta, foram atendidos apenas 1,8 milhão. Ontem, não havia balanço até o fechamento desta edição, mas estimava-se que cerca de 3 milhões puderam acessar o transporte. Apesar disso, apenas 35 das 61 estações ficaram abertas durante o dia – ou 53% dos terminais de acesso aos passageiros. Inicialmente, os grevistas pediram 35,47% de reajuste salarial. Depois, a reivindicação caiu para 16,5%, chegando aos atuais 12,2%. Eles até demonstraram, nas últimas reuniões com a Justiça do Trabalho, que podem reduzir o valor, mas nunca abaixo de dois dígitos.
Os patrões, por sua vez, disseram ser impossível oferecer mais que os 8,7%.