Jornal Estado de Minas

Maioria do PSB defende apoio ao PSDB nas eleições em Minas, diz Eduardo Campos

Em BH, pré-candidato critica o governo federal e o baixo crescimento do país

Marcelo da Fonseca

"Um conjunto defende a aliança com o PSDB, uma aliança que vem de muitos anos e que foi importante para a vitória na Prefeitura de Belo Horizonte. Outro defende candidatura própria. O natural é que possamos fazer esse debate com equilíbrio" - Eduardo Campos (PSB), pré-candidato à Presidência da República - Foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press

O pré-candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, afirmou nessa segunda-feira, durante agenda na capital mineira, que a maioria do partido defende o apoio ao candidato tucano Pimenta da Veiga ao governo de Minas, mas que a decisão final sairá da convenção estadual, marcada para o início de junho. Campos se encontrou com o ambientalista Apolo Heringer (PSB), que se lançou como candidato do partido ao governo de Minas, mas enfrenta a resistência daqueles que defendem a aliança com Pimenta da Veiga. “Um conjunto defende a aliança com o PSDB, uma aliança que vem de muitos anos e que foi importante para a vitória na Prefeitura de Belo Horizonte. Outro conjunto, sobretudo de integrantes da Rede – partido que Marina Silva tentou criar –, defende a candidatura própria. O natural é que possamos fazer esse debate com equilíbrio na convenção”, explicou o socialista.

Campos descartou, porém, qualquer pacto com os tucanos para apoiar a candidatura de Pimenta em troca do apoio ao candidato socialista ao governo de Pernambuco. Mas avaliou que caberá à convenção do PSB de Minas definir se lançará ou não candidatura própria. “Nós não temos pacto firmado em canto nenhum.
Temos partidos que têm relações em vários estados, de disputas e alianças. E respeitamos essa situação. No Recife, disputamos uma eleição com PT de um lado e PSDB de outro. Temos um país com 27 estados e cada um com realidade própria. Vamos respeitar a dinâmica de cada estado”, afirmou.

Diálogo

Ontem, o ex-governador de Pernambuco voltou a ressaltar que as diferenças entre suas posições políticas e as do pré-candidato do PSDB Aécio Neves ficarão cada vez mais claras com a aproximação das eleições. Campos afirmou que, durante sua trajetória e a do tucano, eles estiveram por várias vezes em campos opostos, mas que isso não impediu que mantivessem um bom diálogo até mesmo sobre pontos divergentes. O socialista recebeu ontem na Câmara Municipal o título de cidadão honorário de Belo Horizonte, participou de evento com empresários e políticos mineiros na parte da tarde e também recebeu o título de cidadão honorário de Contagem.

“Nós temos uma caminhada de vida diferenciada. Somos de partidos diferentes e nos últimos 20 anos estivemos em campos diferentes. Isso nunca nos impediu que dialogássemos sobre os reais interesses do país. Quando estive na Câmara dos Deputados, Aécio estava na base do governo de Fernando Henrique e eu estava na oposição. Isso não impediu que votasse nele para presidente da Câmara. Ao longo do governo Lula, quando estivemos na base, ele estava na oposição”, disse o socialista.

Antes de receber a homenagem na Câmara, Campos comparou, em entrevista à Rádio Itatiaia, os investimentos de sua gestão como governador de Pernambuco com outros estados e afirmou que investiu mais que Minas, São Paulo e Rio de Janeiro em educação.

O socialista manteve o tom de críticas à presidente Dilma Rousseff (PT) nos eventos que participou na capital mineira, alertando para os problemas na economia e o fisiologismo partidário que, segundo ele, voltou a ganhar força durante o atual governo. “O país deseja mudanças que preservem as conquistas de ontem e pensem nas conquistas de amanhã. Perdemos o rumo dessas conquistas quando temos o retorno da inflação, quando continuamos com um baixo crescimento por três anos e quando percebemos que a redução da desigualdade social estancou nos últimos anos”, criticou Campos.

Respeito

Após almoço com empresários em São Paulo, ontem, Aécio Neves procurou amenizar as falas de Campos e ressaltou as convergências no discurso de combate à corrupção e o aparelhamento do estado. “Se fôssemos iguais, estaríamos no mesmo partido, defendendo a mesma candidatura. Nessas convergências nós possivelmente nos encontraremos, mas é até bom que o debate ocorra. Da minha parte haverá sempre respeito a ele e, mais do que isso, um pensamento maior, que vai além de uma candidatura do PSDB ou do PSB”, afirmou.

Já o deputado federal e presidente do PSDB de Minas, Marcus Pestana, disse que a aliança com o PSB, do presidenciável Eduardo Campos, é fruto de um amadurecimento de muitos meses. Segundo ele, é preciso ter flexibilidade diante das diferenças entre a realidade regional e a nacional. “O PSB é um aliado histórico, participou de todos os nossos governos e teve em nós alavanca para ganhar a Prefeitura de Belo Horizonte”, afirmou Pestana.



Em relação à afirmação de Campos sobre os gastos em educação de Pernambuco, onde governou até abril, serem maiores do que os investimentos de Minas, o deputado disse acreditar que ele se sentiu pressionado a acentuar diferenças devido ao papel destacado de Aécio Neves. “Não é isso que os números falam. A educação fundamental de Minas é a melhor do país, segundo avaliações do Ministério da Educação. E, no ensino médio, Minas ficou em terceiro lugar”, lembrou. Pestana disse ainda, que apesar da aliança com o PSB no estado, é preciso discutir as diferenças entre as duas legendas para que a unidade em torno de mudanças necessárias seja sólida. “A unidade não se constrói escondendo posições ou mascarando divergências. É na discussão e no debate que a unidade se torna densa e profunda. E o Aécio fará um bom debate em nosso nome.”

Colaborou Juliana Ferreira

 

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