Jornal Estado de Minas

Pesquisa CNT/MDA indicando queda de Dilma anima a bolsa

Mercado financeiro reage positivamente à queda da presidente Dilma no levantamento divulgado ontem. Ações chegaram a registrar alta de mais de 2% logo após o resultado

Antonio Temóteo Vera Batista
Brasília – A nova queda da presidente Dilma Rousseff na preferência do eleitorado, atestada nessa terça-feira em pesquisa promovida pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), provocou mais uma injeção de ânimo no mercado financeiro.
Logo após a divulgação dos dados, o Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo, chegou a subir mais de 2%, com expressiva valorização das ações de empresas estatais. O índice, no entanto, perdeu fôlego ao longo do pregão e, no fechamento, mostrou alta menor, embora ainda expressiva, de 0,89%, aos 51.839 pontos.

A euforia contagiou também o mercado de câmbio, que abriu com queda de 1% do dólar diante do real. O recuo, porém, fez importadores aumentarem o volume de compras da moeda, e, no fim do dia, a divisa acabou cotada a R$ 2,233, com alta de 0,35%. “A pesquisa jogou os preços para baixo, mas não foi suficiente para fazer o dólar romper novos patamares de baixa”, resumiu o operador de câmbio de um banco de grande porte.

A leitura do mercado foi a de que o resultado da pesquisa sinalizou um aumento das chances de uma troca de governo nas eleições de outubro, ou que, pelo menos, a atual administração se verá obrigada a alterar suas políticas econômicas e de intervenção nas empresas estatais em um eventual próximo mandato.

De acordo com a sondagem da CNT/MDA, as intenções de voto na presidente caíram para 37%, ante 43,7% no levantamento feito em fevereiro. Além disso, pela primeira vez os candidatos de oposição Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) avançaram no terreno perdido por Dilma e têm, juntos, 33,4% das preferências. “Cada pesquisa em que a Dilma não ganha espaço, sem poder de reação para estancar a alta de outros postulantes, acaba alavancando a bolsa”, disse o analista Fausto Gouveia, da Legan Asset.

O economista Clodoir Vieira, da Compliance Comunicação Empresarial, lembrou que o mercado sempre costuma transmitir seu posicionamento em anos de eleição e, desta vez, o recado tem sido claro: “As intervenções da presidente na economia desagradaram os investidores. Quando ela cai nas intenções de voto, as ações das próprias empresas estatais têm alta”.


Foi o que ocorreu nos últimos dois dias com os papéis preferenciais da Petrobras – uma das estatais mais prejudicadas pelo dirigismo do Palácio do Planalto –, que fecharam ontem em alta de 0,79%. Na metade do pregão da Bovespa, elas mostravam fôlego ainda maior e chegaram a avançar 3,26%. Já na segunda-feira, a expectativa sobre o resultado da pesquisa havia levado as ações da estatal a uma alta de 3,3%. No fim do pregão de ontem, Banco do Brasil registrou valorização de 1,92% e Eletrobras ganhou 3,35%.

RALI ELEITORAL O que os analistas vêm chamando de rali eleitoral começou em 17 de março, quando surgiram as primeiras informações sobre a piora na avaliação de Dilma entre a população, confirmadas posteriomente por sucessivos levantamentos. Desde então, o Ibovespa já subiu quase 15%. As ações da Petrobras, nesse período, tiveram ganho superior a 30% e as da Eletrobras, valorização superior a 50%.

Na opinião do presidente da Strategus Consultoria, Telmo Schoeler, a economia como um todo vai mal. Ele observou que as exportações estão em queda, a carga tributária continua alta e o processo de desindustrialização parece não ter fim. “Sou membro do conselho de administração de uma companhia que preferiu comprar uma fábrica na Itália do que construir uma aqui, porque o custo de produção é 40% mais barato lá fora. Isso é um problema no modelo de governo do PT. Essas pesquisas me animam. Precisamos de mudanças”, afirmou.

O governo, porém, prefere minimizar os resultados das pesquisas. “Elas refletem uma situação de momento, mas a população vai ver quem é que mantém o emprego e coloca alimento na mesa dos trabalhadores”, disse a ministra do Planejamento, Miriam Belchior. (Com agências).