Embora nos últimos três anos os congressistas brasileiros tenham triplicado a sua presença no Twitter e no Facebook – passando de 3,2 milhões para 9 milhões de seguidores e fãs nas duas plataformas – deputados federais e senadores mantêm um velho hábito que não combina com o mandato representativo: 80% não respondem aos emails de eleitores. Talvez para não serem “incomodados”, entre os 81% que mantêm sites, menos da metade – 44% – divulga o endereço eletrônico. De olho no pleito de outubro, os sites são usados por 88% principalmente para cadastrar eleitores. Só 5% deles divulgam gastos de gabinete, 12% fazem enquetes e apenas 16% publicam a opinião dos eleitores (veja quadro).
As informações são do pesquisador Alexandre Secco, da Medialogue, que realizou entre setembro e novembro de 2013 um levantamento junto aos 513 deputados federais e 81 senadores em sua relação com as mídias digitais. Igual pesquisa foi feita em 2011. “Os parlamentares brasileiros ainda são pouco interativos. A internet é muita usada como nas mídias impressas”, salienta Secco.
Os parlamentares também foram classificados em termos de influência, definida por um conjunto de indicadores que privilegiam variáveis quantitativas do tipo número de seguidores e fãs, diversidade de plataformas de mídia empregadas para a comunicação com um público diversificado, além de dados qualitativos do tipo interação com os eleitores e transparência na divulgação das informações. Entre os 513 deputados federais e 81 senadores da República, apenas 80 foram considerados influentes. “Senadores são mais influentes do que deputados federais e têm investido mais nas mídias digitais”, considera Secco. Ao mesmo tempo em que os mais influentes se dividem de modo equilibrado entre parlamentares novatos e veteranos, há uma predominância etária de 41 a 59 anos nesse grupo, em que prevalecem também governistas. São Paulo, seguido de Minas Gerais e do Rio de Janeiro são os estados com maior número de congressistas influentes: 16%, 12% e 10%, respectivamente.
FÃS E SEGUIDORES De acordo com a pesquisa, a distância que separa os parlamentares mais influentes nas mídias digitais dos parlamentares medianos é relativamente grande. Entre os mais influentes, 83% mantêm seus blogs atualizados, contra 53% da média. Os influentes têm em média quatro vezes mais fãs no Facebook e três vezes mais seguidores no Twitter. Também são mais cuidadosos com mensagens enviadas por eleitores: mais da metade responde a emails, contra apenas 20% na média dos parlamentares. Além disso, são mais transparentes, pois 84% usam seus canais digitais para divulgar informações sobre seu mandato, contra 57% na média.
Os partidos políticos fazem uso muito heterogêneo das redes sociais.
Entre 2011 e 2013, o uso do Facebook entre políticos cresceu mais do que o Twitter. No conjunto, os congressistas ampliaram de 1,1 milhão para 4 milhões o número de adeptos de suas fanpages – um salto de em 264%. Já os seguidores de parlamentares pelo microblog passaram de 2,1 milhões para 5 milhões, um crescimento de 138%. A maior expansão da base de seguidores do Facebook se explica: no geral, os parlamentares estão dando mais atenção a esta mídia do que ao Twitter. Nada menos do que 92% atualizam a sua fanpage. Em 2011, apenas 77% a atualizavam frequentemente.