Jornal Estado de Minas

Filho de ex-prefeito de Juiz de Fora perde cargo na Assembleia de Minas

Ele estava na cota de cargos da liderança de governo. Carlos Alberto Bejani Junior, de 18 anos, foi contratado por indicação do vice-líder de governo Leonardo Moreira

Juliana Cipriani
Cantor, Betto Júnior é apontado como uma aposta do pai, Alberto Bejani - Foto: Reprodução/YoutubeDurou pouco a carreira do cantor sertanejo Betto Júnior na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Dois dias depois de o Estado de Minas mostrar que o filho do ex-prefeito de Juiz de Fora Carlos Alberto Bejani tinha sido contratado para trabalhar em um gabinete na Casa, ele foi exonerado do cargo de agente de serviços, que lhe dava um salário de R$ 1.505,05 por oito horas diárias de trabalho. Ele estava na cota de cargos da liderança de governo. Carlos Alberto Bejani Junior, de 18 anos, foi contratado por indicação do vice-líder de governo Leonardo Moreira (PSDB), filho do ex-deputado federal Edmar Moreira, que ficou conhecido como o deputado do castelo. A nomeação foi em 20 de dezembro, quando os parlamentares já estavam em recesso. Antes disso, Betto Júnior vivia de música e era a aposta do pai para se tornar o novo Luan Santana, fenômeno nacional do sertanejo universitário.

Nessa terça-feira, Leonardo Moreira, que tem base eleitoral na Zona da Mata, afirmou que a demissão foi uma decisão administrativa. “O motivo foi uma remodelação da equipe de trabalho. Não tem nada até o momento que deponha contra a pessoa do rapaz”, disse. Também conhecido em Juiz de Fora como Bejaninho, Betto Júnior foi trabalhar em gabinete parlamentar como uma espécie de iniciação no mundo político. Com 18 anos, o jovem não poderia concorrer a vagas no Legislativo este ano, já que a idade mínima é 21. Já na próxima eleição de prefeito, em 2016, ele estaria apto a disputar os cargos de vereador ou prefeito.

Inelegível por oito anos, Bejani pai já estaria preparando o filho para levar a família de volta à Prefeitura de Juiz de Fora em 2016. No ano passado, o ex-prefeito foi condenado em primeira instância por enriquecimento ilícito e práticas de irregularidades administrativas em seu primeiro mandato, entre 1989 e 1992. Mas o inferno astral de Bejani começou bem antes, em abril de 2008, quando ele foi preso na Operação Pasárgada, que investigava um esquema de desvio no Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

A prisão foi durante uma investida da Polícia Federal em sua casa, onde foi encontrado R$ 1,2 milhão em espécie com Bejani, uma arma e munição. Ele cumpriu uma temporada na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, foi liberado em maio e voltou a ser preso em junho, na Operação de Volta a Pasárgada. Foi o que o levou a renunciar do cargo de prefeito e, mais tarde, a largar a política. Hoje Bejani diz viver do trabalho de sua construtora com casas populares. Ele também frequenta uma igreja evangélica pentecostal.

Outro desgosto recente para Bejani foi a prisão de sua filha , Tatiana dos Santos Bejani, 28 anos, por estelionato, ocorrida na semana passada. A jovem confessou ter anunciado na internet aluguéis de imóveis que não existiam. Segundo a polícia, ela recebia o dinheiro e chegando ao local as pessoas descobriam que as casas em praias do Rio de Janeiro e do Nordeste eram apenas virtuais.