Jornal Estado de Minas

Ministério da Defesa admite aquartelar tropas das Forças Armadas durante a Copa de 2014

O aquartelamento faz parte da estratégia do governo para enfrentar protestos de massa ou ações criminosas

Estado de Minas
Ministério da Defesa entrou no circuito para evitar desdobramentos negativos da Copa do Mundo de 2014, que poderá dar guarida também aos protestos de ruas. Tropas da Marinha, Exército e Aeronáutica vão ficar aquarteladas para agir em caso de perda de controle na segurança, hipótese extrema em que assumirão o comando e substituirão as polícias estaduais, até na contenção de manifestações.
O aquartelamento faz parte da estratégia do governo para enfrentar protestos de massa ou ações criminosas, mas o uso dos militares será a última alternativa, prevista somente para o caso de fracasso das forças policiais. Também a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) terá um esquema especial: montará centros nas cidades-sede e terá um Centro de Integração de Serviços Estrangeiros, com agentes de outros países.

A ameça dos protestos de rua durante a realização do Mundial, a exemplo do que ocorreu em junho do ano passado durante a Copa da Confederações, acendeu a luz amarela no Palácio do Planalto tendo em vista a campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff.

Marqueteiros de plantão temem que os protestos, acompanhados de violência, e os atrasos na entrega das obras da Copa podem comprometer o desempenho eleitoral de Dilma.

Inteligência

A Abin também terá um esquema especial para a Copa do Mundo. Portaria publicada no fim de 2012 pelo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general José Elito Carvalho Siqueira, determinou que, para a competição e outros eventos, sejam estabelecidos um Centro de Inteligência Nacional em Brasília, Centros de Inteligência em cada uma das cidades-sede e um Centro de Inteligência de Serviços Estrangeiros. Nele, atuarão “representantes dos serviços de inteligência estrangeiros acreditados no Brasil ou os que venham a ser especialmente designados para acompanhar a realização dos grandes eventos”. O centro possivelmente ficará no Rio e seu foco será contraterrorismo, uma preocupação em encontros globais.

Autorização

Segundo o Ministério da Defesa, a regulação do uso das Forças Armadas nas Operações de Garantia da Lei e da Ordem foi discutida por dois anos, a partir da ação das Forças Armadas no Complexo do Alemão, no Rio, no fim de 2010, e tramitou pelas instâncias da pasta antes de ser assinado pelo ministro Celso Amorim.

O plano repetirá este ano e em escala ampliada o que foi preparado para a Copa das Confederações em 2013. Os militares só atuarão como última alternativa, em caso de incapacidade das polícias, a pedido dos governadores, por ordem da presidente Dilma Rousseff e com tempo e local determinados.

“Trata-se de material padrão do Ministério da Defesa, que apenas normatiza a utilização das Forças Armadas em Operações de Garantia da Lei e da Ordem”, disse o professor Expedito Carlos Stephani Bastos, pesquisador de assuntos militares da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Foi feito a partir da experiência no Haiti. Não vi nada de excepcional.” Para o pesquisador, o papel constitucional das Forças Armadas está respaldado na portaria.

O texto, porém, tem causado polêmica. O diretor executivo da Anistia Internacional no Brasil, Átila Roque, considerou-o “vago, arbitrário e potencialmente danoso à democracia”.

Unidades das polícias das três Forças e dos fuzileiros navais, dotados de armas não letais, serão mobilizadas nas operações. Em 2012, nos Jogos Olímpicos de Londres, houve o aquartelamento de tropas. (Com Agência Estado)