Jornal Estado de Minas

PROS sai em busca dos insatisfeitos

Sem nomes de expressão, nova legenda tenta mostrar posição independente para atrair parlamentares federais e estaduais

Daniel Camargos
- Foto: Arte/EMO objetivo declarado do recém-criado Partido Republicano da Ordem Social (PROS) é atrair parlamentares insatisfeitos com as atuais legendas. Parte da estratégia para alcançar essa meta é não se definir à direita ou à esquerda, o que poderia espantar os políticos de um ou outro lado. “É um partido de centro. Podemos caminhar com qualquer opção. Somos independentes e estamos voltados para a redução de impostos no Brasil”, explica Gustavo Pires, um dos três vice-presidentes nacionais do parido.


A história de Gustavo Pires se confunde com a criação da legenda. Ele foi vereador entre 2000 e 2004 na pequena Santa Bárbara do Leste, no Vale do Rio Doce, cidade de pouco mais de 7 mil habitantes, conquistando 259 votos. O salto na vida política se deu graças à relação de amizade com o idealizador do PROS no país, o ex-vereador de Planaltina (GO) Eurípedes Júnior. A mulher de Gustavo é da cidade goiana. “Nós nos conhecemos lá e ele me chamou para participar da criação da legenda em Minas”, lembra Pires.
O ex-vereador estava cotado para ser o presidente do PROS em Minas. Porém, quando o deputado federal Ademir Camilo (PSD) acenou que migraria para o partido, Pires perdeu o posto e agora assumirá a secretaria-geral no estado. Ele começou a batalha para erguer o PROS em janeiro de 2010. Passou por todas as fases da criação da legenda e, na mais árdua delas, a coleta de assinaturas, diz ter trabalhado muito para conseguir 140 mil. Dessas, apenas 50 mil foram validadas pelos cartórios eleitorais.

Um dos argumentos contrários à criação do PROS foi justamente por problemas com a coleta de apoios. A ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Luciana Lóssio levantou suspeitas sobre a validade das assinaturas. De acordo com a ministra, o partido entregou certidões de um cartório de Belo Horizonte em que assinaturas de eleitores foram contadas de forma duplicada, problema que pode ter ocorrido em outros lugares.

O Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) informou, via assessoria de imprensa, que existem 18 cartórios eleitorais na capital mineira e que o procedimento é checar cada assinatura com o original da sessão eleitoral e que a filtragem é rigorosa. Como o inteiro teor do voto da ministra ainda não foi disponibilizado pelo TSE, não é possível, segundo TRE, saber onde está a possibilidade de fraude apontada. O dirigente do PROS, por sua vez, diz que acredita nos funcionários dos cartórios. “Muitas assinaturas que recolhemos não foram validadas porque coletamos na rua e acontece de a assinatura não ser igualzinha à que o eleitor assinou quando votou da última vez”, justifica Pires.

No site do partido uma carta do presidente da legenda diz que a proposta, além de reduzir os impostos, é “pôr fim à atual parafernália que é o sistema tributário brasileiro e fazer com que de fato os impostos sejam mais justos e utilizados para atender os interesses de nossa população”. O nome da legenda, segundo Pires, deriva do artigo 193 da Constituição, que explica o que é Ordem Social: “Tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais”.

Fundo

O PROS reparte agora um bolo recheado de dinheiro, o do Fundo Partidário. A dotação orçamentária dos recursos da União voltada para o fundo neste ano é de R$ 294,1 milhões, dividido entre os partidos. As legendas que não têm representação na Câmara dos Deputados recebem 5% e os outros 95% são repartidos de acordo com a proporção dos votos na última eleição para a Câmara.