Jornal Estado de Minas

Dilma diz que criou Mais Médicos porque ouviu demandas da população

A presidente rebateu as críticas da classe médica brasileira, que se posicionou contra o uso de médicos estrangeiros pelo programa

Agência Brasil
"O governo não pode ser surdo. Um governo tem de ouvir muito", disse a presidente Dilma - Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
A presidente Dilma Rousseff disse nesta quarta-feira que criou o Programa Mais Médicos porque ouviu a demanda da população. Em discurso durante cerimônia de anúncio da construção da Linha 3 do metrô do Rio, Dilma disse que é obrigação de um governo conhecer as necessidades do povo.
“O governo não pode ser surdo. Um governo tem de ouvir muito. E, além de ouvir, sabemos que o Brasil tem um problema sério na área da saúde. Por isso, nós fizemos o Mais Médicos”, disse a presidente.

Ela rebateu as críticas da classe médica brasileira, que se posicionou contra o uso de médicos estrangeiros pelo programa. “Quando está em questão os intersses da população do país, não existe nenhum interesse maior, de nenhuma corporação, de nenhum segmento. Nós respeitamos os médicos desse país, porque eles sempre deram uma grande contribuição. Agora, temos uma avaliação faltam médicos. Por isso, criamos o Programa Mais Médicos”, afirmou.

Segundo Dilma, onde faltar médicos, o governo fará o “possível e o impossível” para garantir que haja profissionais disponíveis. “Nós temos no Brasil uma carência tamanha que, em 701 municípios, não moram nenhum médico. Se, de noite, uma criança tiver um problema, e não tem um médico para atender, olha o desespero de um pai ou de uma mãe. Estamos querendo resolver um problema de caráter emergencial e urgente, porque a saúde das pessoas não pode esperar até que os médicos se formem.”

Ela explicou que, ao mesmo tempo em que está trazendo médicos de outros países para trabalhar no Brasil, o governo pretende aumentar a formação de médicos no interior do país e na periferia das grandes cidades. “Está provado que geralmente o médico fica onde ele se forma ou onde faz sua residência. Vamos ampliar também o número de médicos especialistas e, portanto, as oportunidades de residência.”

De acordo com a presidente, o Brasil não está fazendo nada diferente do que outros países, inclusive “ricos” fazem. Ela citou que países como o Canadá, Estados Unidos e Reino Unido tem mais de 25% da sua força de trabalho médica formada por estrangeiros. No Brasil, esse percentual é de menos de 2%.

Outra ação prevista do governo é melhorar a infraestrutura dos hospitais, por isso ela apoiou a destinação de 25% dos royalties do petróleo para a saúde e defende que 50% das emendas parlamentares sejam revertidas para essa área.

Na cerimônia, foram anunciados investimentos de R$ 2,57 bilhões para a implantação de uma linha de monotrilho de 22 quilômetros que vai ligar São Gonçalo a Niterói, no Grande Rio (a chamada Linha 3 do metrô). Segundo a presidenta, o modal será importante para aliviar o trânsito na região e aproximar os moradores de seu trabalho e estudo, reduzindo o tempo do trajeto. Dilma disse que nas décadas de 80 e 90, os governos diziam que investir em metrô era coisa de país rico, por isso agora é preciso “correr atrás do prejuízo”.

Antes do início do evento no Clube Mauá de São Gonçalo, alguns manifestantes vestidos de preto protestavam, do lado de fora, contra questões como o voto secreto no Congresso Nacional e a proibição do uso de máscaras nas manifestações do Rio de Janeiro.