A decisão de cancelar a entrevista foi tomada em conjunto pela equipe de Molina e Ferraço em decorrência da crise causada com sua chegada ao país, que levou à saída de Antonio Patriota do Ministério das Relações Exteriores.
Para o senador Pedro Taques (PDT-MT), a presidenta Dilma Rousseff agiu corretamente ao aceitar a demissão de Patriota ontem (26). “Foi a atitude correta, sob pena de desmoralização total da diplomacia brasileira que, há muito, vem se portando como uma diplomacia ideológica". Taques destacou que, historicamente, a diplomacia brasileira deu provas de profissionalismo, mas, segundo ele, “nesse caso, passou vergonha”. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) disse que não acredita em “mudanças significativas” na política externa brasileira.
Patriota será substituído pelo atual representante do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), Luiz Alberto Figueiredo, que deve assumir o cargo até o fim desta semana.
Pinto Molina ficou 455 dias abrigado na embaixada brasileira na Bolívia desde que pediu asilo político ao Brasil, em 28 de maio de 2012. Porém, para deixar a Bolívia era preciso salvo-conduto, autorização do governo boliviano, que negava o documento. Na sexta-feira (23), o parlamentar deixou a embaixada com o auxílio da representação diplomática brasileira.
O boliviano chegou no último sábado (24) ao Brasil, por Corumbá (MS), onde se encontrou com Ferraço. Os dois voaram em seguida para Brasília.
As autoridades bolivianas dizem que o senador responde a mais de 20 crimes por corrupção e desvios de recursos públicos. Em entrevista à Agência Brasil no domingo (25), Pinto Molina negou as acusações. Ele disse ser vítima de perseguição política, por fazer oposição ao governo do presidente Evo Morales, e negou haver qualquer tipo de prova contra ele na Justiça.