Jornal Estado de Minas

MP pede anulação da cassação de prefeito de Lagoa Santa

Isabella Souto
Um dia depois de empossado na Prefeitura de Lagoa Santa, Genesco Aparecido Neto (PSB) pode perder o cargo. O Ministério Público estadual ajuizou nessa quarta-feira uma ação civil pública em que solicita a anulação dos efeitos do decreto legislativo que cassou o mandato do então prefeito Dr. Fernando (PSB), na noite de segunda-feira. Acusado de irregularidade na contratação de serviço de limpeza urbana, Dr. Fernando teve o mandato cassado por sete dos nove vereadores da cidade e foi substituído pelo vice, Genesco Neto, no dia seguinte.
Na ação, a promotora Janaini Keilly Brandão Silveira alega que o ato administrativo que culminou na cassação do prefeito “está eivado de vício de finalidade e motivo”. A acusação é que ele teria decretado situação de emergência no serviço de coleta de lixo no município em 2 de janeiro deste ano, e sob esse pretexto, desconsiderou contrato em vigor e o renovou com valor superior. “O que se percebe por meio de todo o material colhido, é que o prefeito teria realizado outro contrato com a mesma empresa, visto que o anterior não possuía saldo financeiro”, argumentou a promotora.

Segundo o MP, a entrega do lixo teria passado de um percurso de 15 quilômetros para 45 quilômetros, o que justificaria o aumento no valor do contrato. “Ficou comprovado pela perícia técnica feita durante o processo de cassação que não houve nenhum prejuízo financeiro para os cofres públicos e que o contrato anterior já não mais possuía saldo financeiro, o que motivou nova contratação”, completou a promotora que assina a ação civil pública.

A promotoria pondera ainda que em nenhum momento a comissão processante da Câmara encaminhou ao MP as denúncias que recebeu contra o prefeito para que os promotores pudessem apurar os fatos e propor uma ação de ressarcimento dos supostos danos ao erário. “Tampouco essa mesma Câmara Municipal sustou o ato administrativo que formalizou a contratação da empresa”, completou. “Se o ato impugnado é tão grave a ponto de gerar a cassação de um prefeito eleito pelo povo, ele não poderia subsistir, sob pena de grave contradição: tira-se o gestor e mantém a irregularidade.”

O prefeito Dr. Fernando não foi localizado para comentar o caso. O vice-presidente da Câmara, Carlos Alberto Barbosa (PP) – um dos réus na ação proposta pelo MP – não retornou as ligações da reportagem. Até o fechamento desta edição não havia nenhuma decisão da Justiça.