Jornal Estado de Minas

Lei Áurea tem efeito para 800 mil escravos

Caso aprovado pelo Senado, projeto libertará 5% da população do país

Renata Mariz
Muitos dos cerca de 4 milhões de africanos que chegaram ao Brasil em mais de 350 anos de tráfico negreiro não sobreviveram à viagem, às doenças, aos chicotes. Parte dos que conseguiram driblar a morte têm conseguido, nas últimas três décadas, comprar suas alforrias ou, simplesmente, fugir. Na atual conjuntura do país, que chegou a ter cerca de 20% da população escrava, o projeto de lei, caso aprovado pelo Senado, libertará os atuais 805 mil servos. O número representa 5% da população atual, de 14 milhões de pessoas.
Além do fortalecimento do movimento abolicionista, apontado como a primeira onda nacional de opinião pública, outro fato já vem enfraquecendo, há pelo menos duas décadas, a instituição da escravidão. Uma leva de imigrantes europeus tem aportado nas cidades brasileiras, tornando-se substitutos naturais da mão de obra africana. De 1870 para cá, é visível o aumento de italianos, alemães e portugueses nas lavouras de cana e de café, e nos aglomerados urbanos das províncias mais desenvolvidas.