O PSB está com as portas abertas para o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, e para o senador petista Lindbergh Farias, pré-candidato ao governo do Estado, mas sabe que as chances de eles se filiarem é pequena. Diante desse quadro, a possível candidatura do deputado Miro Teixeira, do PDT, é saudada como uma boa opção de aliança para os socialistas. Outra alternativa para garantir um palanque para Campos é a candidatura do ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão, filiado ao PSB.
Efeito Cabral
No Estado em que o eleitorado mostra simpatia pela “terceira via” (na disputa presidencial de 2010, Marina Silva, do PV, ficou na frente do tucano José Serra e, em 2006, Heloísa Helena, do PSOL, chegou a 17% dos votos), o desafio de Aécio e Campos é abrir brechas na fortíssima coligação do governador Sérgio Cabral (PMDB), reeleito com apoio de 15 partidos, entre os quais o PT, o PSB e do PDT, que têm cargos no governo do Estado.
Na tentativa de evitar que o PT seja o primeiro a romper a aliança, Cabral ameaça não apoiar a reeleição da presidente Dilma se Lindbergh Farias não desistir de disputar o governo estadual em favor do pré-candidato do PMDB, o vice-governador Luiz Fernando Pezão. O cenário atual, no entanto, é de manutenção da candidatura petista. O PMDB fluminense diz que não aceita o palanque duplo para Dilma em hipótese alguma.
“O Rio é o Estado onde o movimento dos outros, por enquanto, é mais importante que o nosso. Existe uma relação estressada entre o PT e o PMDB, o Miro ensaia concorrer, o que vemos com bons olhos. Estamos prestando atenção nesses movimentos”, diz um dos mais próximos aliados de Eduardo Campos, o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS).
O PSB nacional ainda tem que administrar a insatisfação do presidente regional do partido, Alexandre Cardoso. Prefeito de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, ele defende a manutenção da aliança com o PMDB. Outro obstáculo é a incerteza sobre o futuro do deputado e ex-jogador Romário. “O Alexandre é um histórico companheiro nosso e o Romário é nosso candidato ao Senado”, diz Beto Albuquerque, afastando a hipótese de rompimento com os dois aliados. Romário prefere tentar a reeleição.
No caso de Aécio, as dificuldades também são grandes: o PSDB e o DEM, aliado preferencial dos tucanos, perderam importância no cenário político fluminense. Nas eleições municipais, os dois partidos tiveram candidatos a prefeito da capital, com resultado desanimador. O deputado Rodrigo Maia (DEM) teve 5% e o tucano Otávio Leite (PSDB), 3%. Agora, Otávio insiste que o PSDB deve ter candidato próprio ao governo, mas Aécio tem discutido uma aliança com o ex-prefeito e agora vereador Cesar Maia, pré-candidato ao governo.
“O DEM-RJ terá candidato. Não necessariamente eu. Se surgir um nome forte estamos abertos, mas desde que seja com o número 25. Sobre candidato do DEM (à Presidência da República), há segmentos, como nós, no Rio, que queremos Aécio. Mas da Bahia para cima e em Goiás, o nome de Eduardo Campos é ainda mais forte”, diz Cesar Maia. “Ideal para nós é o apoio do PSDB-RJ a um nome do 25. Aceitamos sugestões deles com muito prazer”, conclui o ex-prefeito.
Garotinho
Outro pré-candidato de oposição à sucessão de Cabral é o ex-governador e deputado Anthony Garotinho (PR). Líder do PR na Câmara, Garotinho tem conversado com parlamentares do PSB, partido pelo qual concorreu à Presidência da República em 2002, mas está propenso a ficar neutro na disputa presidencial.
A decisão seria motivada por pesquisas qualitativas do partido que mostram que os simpatizantes de Garotinho têm preferências diferentes entre os candidatos a presidente: muitos evangélicos têm intenção de votar em Marina Silva; eleitores da Baixada Fluminense pensam em votar em Dilma Rousseff e, no interior, há uma parcela que prefere o PSDB. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.