Entre as novas regras prometidas estão alterações dos percentuais cobrados de empresas que exploram minerais no país por meio da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem) e a criação de uma agência reguladora para o setor, que teria como função fiscalizar o cumprimento das normas estabelecidas pelo marco e redefinir prazos máximos para as atividades de lavra. Está sendo negociada também uma modificação na lei para que o valor das cobranças pela exploração passe a incidir sobre o faturamento bruto das empresas, e não mais sobre o faturamento líquido, como acontece hoje. No mês passado, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, afirmou que a presidente Dilma Rousseff tinha dado um prazo até o fim de março para liberar o texto ao Congresso, mas ressaltou que ainda faltavam vários aspectos a serem definidos.
Na semana passada, a presidente se reuniu com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, para finalizar o texto, mas, segundo assessores da pasta, ainda não existe previsão para entregar o novo marco. Cerca de 120 projetos para exploração de novas jazidas continuam congeladas no Ministério de Minas e Energia, que há mais de um ano não autoriza novos pedidos para lavras. A implementação do novo modelo é considerada por especialistas do setor peça fundamental para garantir o crescimento dos investimentos na mineração. Além da discussão sobre os valores pagos como ressarcimento aos municípios - a alíquota da Cfem pode aumentar de 0,2% a 3% e, dependendo do tipo de mineral explorado, para 4% -, serão estabelecidos investimentos mínimos e prazos para a exploração. O código atual, vigente desde 1967, é visto como obsoleto para tratar da regulação e fiscalização das áreas exploradas.
COBRANÇA Na sexta feira, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) lamentou em plenário a demora para o término das negociações sobre o novo marco. A expectativa era de que fosse lançado em 2010, ainda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Desde então, o ministro Edison Lobão tem afirmado que a elaboração do texto estaria em fase final. No entanto, até hoje nenhuma das promessas foi cumprida. "O setor congelou enquanto espera essa edição", cobrou o tucano, que alertou que o prejuízo causado ao setor impede repasses para outras áreas, como a saúde. As cobranças pela liberação do novo marco partiram também de representantes da base aliada ao governo. Para o 1º vice-presidente da Câmara, deputado André Vargas (PT-PR), o novo texto será capaz de modernizar o setor e trazer ganhos expressivos ao país. "O Brasil não pode esperar, pois tem no seu subsolo um novo pré-sal", afirmou o petista, comparando as áreas minerais que ainda podem ser exploradas com as riquezas que serão geradas com a exploração de petróleo. Outra indefinição que vem sendo discutida pelos parlamentares que aguardam o envio do marco regulatório está relacionada à maneira como o texto será enviado ao Congresso, se por meio de medida provisória ou projeto de lei.