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Dops paulista vigiava políticos e militantes mineirosOrgãos de controle da ditadura militar usavam metodos facistasSNI ficou longe do Dops nos anos de maior repressão da ditadura militarComissão da Verdade vai apurar ida de civis ao Dops e responsabilidade da FiespDecreto transfere documentos do extinto Dops para o Arquivo Público MineiroSegundo o coordenador do Grupo de Estudos sobre a Ditadura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Carlos Fico, a troca de informações entre órgãos estaduais que acompanhavam a movimentação de militantes políticos do período era uma forma de o regime alicerçar acusações contra os ditos “terroristas” que eram levadas à Justiça. “Além do conhecimento sobre os passos dessas pessoas, acumulando informações em dossiês sobre as trajetórias e ações daqueles citados como subversivos era possível usá-las para incriminar ou cassar direitos políticos juridicamente. Uma forma de justificar a perda de direitos e demonstrar o controle sobre as pessoas”, avalia o historiador.
O fato de receber arquivos de vários estados torna o Dops paulista um dos centros fundamentais para as pesquisas sobre o funcionamento interno do governo militar. Assim como nas relações já conhecidas entre os órgãos de controle nos países da América do Sul, na Operação Condor, dentro do Brasil os mapeamentos das atividades de resistência também eram uma forma de coerção implacável para intimidar os contrários à ditadura.
“Boa parte dos arquivos dos Dops de todo o país foi reunida nesse acervo e muita coisa é inédita, podendo trazer mais detalhes sobre a atuação militar e as estruturas do regime como um todo, inclusive as pessoas que participaram das ações” avalia Fico. Ainda segundo o historiador fluminense, os dados de Minas ainda não foram detalhados, mas já se sabe de algumas lideranças que tiveram um acompanhamento intensivo, como é o caso do ex-presidente Tancredo Neves. “Ele foi bastante acompanhado, sobretudo na fase final do regime, a partir de 1974, quando sua participação política se tornou mais destacada”, afirma.