Jornal Estado de Minas

Conselho Nacional do Ministério Público proíbe Demóstenes de apresentar embargos

Agência Estado
Demóstenes Torres está impedido de apresentar novos embargos no processo em que poderá ser demitido do cargo de procurador de justiça em Goiás. A decisão foi tomada nesta quarta-feira, em Brasília, pelo plenário do Conselho Nacional de Ministério Público (CNMP), ao rejeitar novos embargos oferecidos pela defesa do ex-senador.
De acordo com a decisão, anunciada pelo corregedor geral do CNMP Jefferson Coelho, os sucessivos embargos apresentados junto ao conselho visaram, meramente, protelar o processo.

"Os embargos dos embargos apenas contribuem para a morosidade e ineficácia sem trazer benefícios ao procedimento disciplinar", disse o conselheiro, de acordo com texto divulgado pela assessoria do conselho, após anúncio da decisão.

O ex-senador foi julgado por envolvimento com o contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Foi cassado por quebra de decoro, no dia 11 de julho do ano passado. Como é integrante do Ministério Público de Goiás, desde 1987, acabou sendo reintegrado no cargo de procurador de justiça nove dias depois.

Mesmo assim, um grupo de 82 promotores de Justiça pediu o seu afastamento e protocolou o pedido de abertura de processo disciplinar no CNMP, em Brasília. Demóstenes responde a processo administrativo disciplinar no conselho desde o dia 27 de agosto do ano passado. De lá para cá, Demostenes manteve seus salários no MP, enquanto adia a decisão final sobre o caso.

Procurado em sua residência, em Goiânia, as duas portarias informaram a ausência do ex-senador.

"O Demóstenes Torres empregou o expediente dos embargos para retardar ao máximo o seu julgamento", disse nesta quarta-feira o promotor Robertson Mesquita, do MP de Goiás. "Assim, ele prorrogou sua permanência no cargo de procurador mas, a partir dessa decisão do CNMP, suas chances de evitar o julgamento são mínimas."

O processo do CNMP já foi distribuído, no início da tarde desta terça-feira, para a conselheira Cláudia Chagas. Caberá a ela definir os próximos passos do processo, como levar o caso ao julgamento dos 12 conselheiros no plenário do conselho. De lá para cá, Demóstenes mantém seus salários no MP, enquanto adia uma decisão final sobre o caso. A movimentação do processo, porém, mantém as expectativas em alta.

"Agora, espera-se que o processo mova e que a justiça seja feita num prazo razoável", disse, por telefone, o promotor Reuder Cavalcante, do MPE em Itumbiara (GO). Ele é apontado como porta-voz do grupo de promotores e procuradores que protocolou o processo (875-2012.53) no Conselho Nacional de Ministério Público. Outros promotores ouvidos nesta quarta-feira, em Goiás, comentaram que as suspeitas de envolvimento com o contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, estavam baseadas em provas robustas. O que deverá resultar em sua demissão.

De acordo com o regimento do CNMP, em casos semelhantes cabem punições com advertência, suspensão do cargo, aposentadoria compulsória ou demissão. A demissão é possível porque, em 1999, Demóstenes Torres abriu mão do regime de vitaliciedade, do MPE de Goiás, para se filiar ao PFL de Goiás e candidatar a senador. Em qualquer situação, uma condenação é possível pela maioria dos 12 votos em plenário.