Pelo menos quatro ex-vereadores presos e cassados por desvio de dinheiro público em Fronteira, no Triângulo mineiro, em 2011, mantêm o controle da Câmara Municipal. Irmãos, madrasta e filho de políticos que perderam o mandato venceram o pleito em outubro e chegaram à Mesa Diretora da Casa. Estão na presidência, vice-presidência e na direção das duas principais comissões da Câmara: a de Legislação e Justiça e de Finanças.
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A vice-presidente da Casa, Marli Passuelo (PMDB), é madrasta do vereador cassado Eduardo Florêncio (PMDB). Os parentes que não participam da Mesa Diretora da Câmara de Fronteira ganharam a presidência das duas comissões mais cobiçadas: Carlos Mamed na de Legislação e Justiça e Sérgio Nascimento na de Finanças. Não tiveram a mesma sorte de Sileide, Raidar, João Veraldi e Eduardo, três vereadores que tentaram colocar representantes na câmara e acabaram ficando na suplência: Marcos Toledo (PSL) – irmão de Maurílio Carlos de Toledo (PSDB) –, Aida Saroute (PMN) – mãe de Samer Saroute (PMN) – e Cleidiane Soares (PDT), mulher de José Marcelo Soares (PDT). Segundo mostrou reportagem do Estado de Minas, publicada em setembro, os sete, então candidatos a vereador, negaram ter sido influenciados pelos ex-parlamentares e garantiram que sempre tiveram a pretensão de seguir carreira política.
Atrás das grades A cidade de Fronteira, com 15 mil habitantes, virou destaque nos noticiários em julho de 2011, quando os nove vereadores do município foram presos. Eles saíram algemados do fórum da cidade vizinha Frutal, quando iriam participar de uma audiência. Afastados da câmara, eles foram cassados pelos seus suplentes e, até que seja revertida a cassação, estão inelegíveis por oito anos. A investigação do Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG) comprovou que os parlamentares consumiram boa parte dos R$ 3 mil mensais, referentes a verba indenizatória, com rodízios de carne, rodadas de chope, garrafas de vodca e combustível.