Em meados da década de 1970, foi anunciada a construção do Estádio Municipal de Montes Claros. Passados quase 40 anos, a única “jogada” que houve no local foi a presença de equipes de filmagens da propaganda política de diversos candidatos a prefeito, que repetiram a promessa de tocar a obra. Até hoje, o Mocão se resume a um amontoado de terra ao redor de um buraco no Bairro Santo Antônio, num desperdício de quase R$ 4 milhões, em valores atualizados. Esse é mais um dos 326 exemplos de obras inacabadas em 187 municípios de Minas Gerais, segundo mostrou o Estado de Minas em reportagens publicadas domingo e segunda-feira. O levantamento foi feito em 2005 Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG) e a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop), e nesses oito anos nenhum político foi punido por desperdiçar dinheiro público.
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Prefeitura de Montes Claros cadastra servidores para descobrir fantasmasPrefeito eleito de Montes Claros busca recursos para superar dificuldades financeirasJustiça condena ex-prefeito de Montes Claros por irregularidades em obras do "Mocão"Cid Gomes defende reeleição de DilmaEm 2001, no segundo mandato do ex-prefeito Jairo Ataíde (DEM), o governo federal liberou R$ 1,5 milhão para a construção de uma vila olímpica em substituição ao projeto do estádio. Porém, foram executados somente os serviços de terraplanagem e drenagem e comprada toda a ferragem que seria usada no empreendimento. “O que ocorreu foi que quando as obras estavam em andamento, houve a necessidade de mudar o projeto por causa da entrada em vigor do Estatuto do Torcedor. Por isso, não foi possível concluir a vila olímpica e o estádio”, afirma Ataíde.
Logo após deixar a prefeitura, o ex-prefeito foi alvo de uma comissão legislativa de inquérito (CLI) que teve como objetivo apurar suspeitas de desvio de verbas destinadas ao Mocão. “Nenhuma irregularidade foi comprovada. O dinheiro que não gastamos foi devolvido para a Caixa e a ferragem ficou guardada nos depósitos da prefeitura”, sustenta Ataíde. Na gestão passada, a prefeitura, comandada pelo ex-prefeito Luiz Tadeu Leite, recebeu recursos de emenda federal para investimentos em um estádio municipal, mas aplicou o dinheiro na construção de um outro campo de futebol, no Bairro João Botelho. O Tribunal de Contas do Estado (TCE) informou que a obra do Mocão é alvo de auditoria técnica do órgão, que ainda está em andamento.
O prefeito Ruy Muniz informou que um entendimento com a Caixa vai permitir a retomada da obra nos próximos dias e inaugurar a primeira etapa – campo, drenagem, alambrado, iluminação e arquibancadas com capacidade para 10 mil ou 12 mil pessoas em 3 de julho de 2014. De acordo com Muniz, pelo acordo com a Caixa, a prefeitura vai devolver R$ 448 mil recebidos durante a gestão do ex-prefeito Jairo Ataíde. O valor corrigido está hoje em torno de R$ 1,7 milhão. Outra parte do antigo convênio que não foi usado está em torno de R$ 2,2 milhões em valores atualizados. O estádio com capacidade para até 12 mil pessoas custará R$ 30 milhões.
'CEMITÉRIO'
Quinta maior cidade do estado, com 370 mil habitantes, Montes Claros virou nos últimos anos um “cemitério” de obras inacabadas ou abandonadas. Uma das construções abandonadas há mais de 10 anos na cidade é o Parque Florestal da Sapucaia, onde um teleférico, que seria atração turística, hoje apodrece no meio da vegetação. O secretário-adjunto de Meio Ambiente de Montes Claros, Edvaldo Marques, disse que a prefeitura vai tentar retomar o contrato com a empresa vencedora da licitação realizada na administração anterior para reestruturar o local, aplicando R$ 240 mil recebidos do governo federal. “O dinheiro é pouco, mas dá para começar a recuperar o parque”, afirmou Marques. Ele informou que a prefeitura pretende recuperar o teleférico, mas ainda não sabe se terá como colocar o equipamento para funcionar e estuda possibilidade de terceirizá-lo.
Histórico do Estádio Municipal de Montes Claros – o Mocão
Lançamento
A obra foi lançada no início de 1971, com a visita à cidade do então presidente da extinta Confederação Brasileira de Desportos (CBD, atual CBF),, almirante Heleno Nunes, o então dirigente da Federação Mineira de Futebol (FMF), coronel José Guilherme, e Gil César Moreira de Abreu, que foi o engenheiro do Mineirão.
Taça Jules Rimet
O clima festivo do lançamento da pedra fundamental da obra incluiu até visita à cidade da Taça Jules Rimet, símbolo da conquista do tricampeonato mundial da Seleção Brasileira na Copa de 1970, no México.
Vila Olímpica
EM 2001, o projeto foi abraçado pelo Ministério do Esporte e ampliado para uma Vila Olímpica com estádio, piscina, pista de atletismo, vestiários, quadras e alojamentos. Na época, no segundo mandato do ex-prefeito Jairo Ataíde (DEM), o governo federal liberou R$ 1,5 milhão para a construção da Vila Olímpica. Porém, foram executados somente os serviços de terraplanagem e drenagem e comprada toda a ferragem que seria usada no empreendimento.
Perspectiva
Agora, o prefeito de Montes Calros, Ruy Muniz, anuncia que houve um entendimento com a Caixa Econômica Federal que, segundo ele, vai permitir a retomada da obra nos próximos dias e inaugurar a primeira etapa – campo, drenagem, alambrado, iluminação e arquibancadas com capacidade para 10 mil ou 12 mil pessoas em 3 de julho de 2014. Segundo Muniz, pelo acordo com a Caixa, a prefeitura vai devolver R$ 448 mil recebidos durante a gestão do ex-prefeito Jairo Ataíde. O valor corrigido está hoje em torno de R$ 1,7 milhão. Outra parte do antigo convênio que não foi usado está em torno de R$ 2,2 milhões em valores atualizados. O estádio com capacidade para até 12 mil pessoas custará R$ 30 milhões. O prefeito diz que também tem a proposta para firmar um acordo com uma empresa para que seja construído um shopping center em terreno ao redor do estádio, através de parceria publico-privada, viabilizando recursos para a conclusão da obra.