Jornal Estado de Minas

Remendos e retomadas de obras públicas custam mais caro, aponta economista

Luiz Ribeiro
Uma obra paralisada ou abandonada, quando retomada, provoca uma elevação de gastos. “Primeiro são aplicadas verbas para a implantação da construção. Mas elas ficam inacabadas e há a necessidade de gastar muito mais em remendos para que a obra possa funcionar”, avalia o secretário-geral da Organização Não Governamental Associação Contas Abertas, o economista Gil Castelo Branco.

Não há um levantamento sobre o total de recursos perdidos com pontes, estradas, hospitais, barragens e outras construções que são iniciadas e ficam no meio do caminho em todo Brasil. “Mas sabemos que são muitos os esqueletos espalhados pelo país afora, que custam caro à nação. Os prejuízos existem não somente pelos valores dos materiais empregados nas obras, mas também por elas terem frustrado a expectativa das pessoas por não entrar em funcionamento”, interpreta o economista.

O representante da ONG ressalta que o atraso nos serviços ou abandono das construções sem que elas sejam concluídas também prejudicam muitas pessoas que dependem dos benefícios a serem proporcionados pelos empreendimentos. “Um exemplo é a transposição do Rio São Francisco. A obra foi projetada desde os tempos do Império. O governo federal iniciou a transposição, mas a obra nunca termina. Enquanto isso, as pessoas atingidas pelas secas – que seriam beneficiadas – continuam sofrendo com a falta de água e dependendo dos caminhões-pipas”, destaca.

Herança maldita


Castelo Branco chama atenção também para a impunidade, que favorece a falta de zelo com os recursos públicos. “Infelizmente, até hoje não houve uma punição exemplar daquelas pessoas que causaram prejuízos à gestão pública”, lamenta. “Não resta a menor dúvida de que a obra inacabada causa enorme prejuízo para a administração pública. Quando a obra pública é iniciada, são feitos investimentos e esforços de uma geração para beneficiar novas gerações. Se a obra não é concluída, os investimentos acabam se transformando em um ônus para as novas gerações”, conclui.

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