Jornal Estado de Minas

Visita de blogueira cubana à Câmara causa tumultos e protestos

Sessão plenária foi interrompida e deputados criticaram a presença da ativista cubana na Casa

Tábita Martins
Sob gritos e xingamentos, a blogueira cubana Yoani Sánchez foi recebida na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira. Com a interrupção da sessão plenária, deputados - que desde ontem eram contrários à transmissão do filme "Conexão Cuba- Honduras", em que a ativista tenta mostrar a sua luta pela liberdade em Cuba -,  manifestaram agressivamente após a chegada de Sánchez.
A deputada Erika Kokay (PT DF) disse que era lamentável a sessão ser interrompida. "Tem que buscar uma dissidente de outro país para acabar com uma sessão de votação", disse.

O Deputado Ivan Valente (Psol SP) exigiu a presença do presidente da Casa, deputado Henrique Alves (PMDB-RN) para dar continuidade aos trabalhos. Depois da confusão inicial, a palestra com  Yoani Sánchez foi adiada. Durante a espera, os trabalhos de discursos foram retormados.

Mais cedo, a presença da cubana causou brigas entre os partidos na Câmara. Durante a sessão plenária, o deputado Amauri Teixeira (PT BA) criticou o convite e atacou parlamentares da oposição. "O Congresso já não trabalha e no dia que temos várias votações paradas, teremos a presença de uma blogueira de Cuba que não tem nada para acrescentar aos brasileiros", afirmou.

Sanchéz chegou ao Brasil na madrugada da segunda-feira e, desde então, tem sido vítima de protestos de defensores do regime castrista. A atuação dos manifestantes do PT e PC do B impediu a transmissão do documentário ontem em Feira de Santana, na Bahia, e obrigou a blogueira a cancelar eventos.
 
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, comprometeu-se a pôr em votação na sessão desta quarta um requerimento solicitando que a Polícia Federal proteja a blogueira cubana durante sua permanência em território brasileiro. Henrique Alves levará ao plenário um texto alternativo ao requerimento original apresentado nesta terça pelo deputado Mendonça Filho (DEM-PE), que não foi aceito por setores governistas. "Essa não é uma questão de oposição ou de governo. (O tratamento a Yoani) está constrangendo o Brasil todo. Não é tradição do povo brasileiro (esse tipo de manifestação)", afirmou Alves.
 
Com Agência Estado e Agência Câmara