Jornal Estado de Minas

Operação Jackpot 2 prende o novo Cachoeira

Polícia prende acusado de explorar a jogatina ilegal no Distrito Federal, que teria se aproveitado do enfraquecimento do bicheiro detido na Papuda para ampliar os negócios

Kelly Almeida
Brasília – Após a prisão do bicheiro Carlinhos Cachoeira, em 29 de fevereiro, durante a Operação Monte Carlo, um novo contraventor teria se fortalecido nos bingos eletrônicos de Goiás e do Distrito Federal. O homem é Arnaldo Rúbio Júnior, morador de Goiânia, preso na manhã de ontem por investigadores da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Deco). Ele é apontado pela polícia como fornecedor de máquinas para três salas de jogatina abertas no DF após o enfraquecimento do grupo de Cachoeira em Goiás. Recebia ajuda, segundo as investigações, de Valmir José da Rocha, que não estava em casa, em Anápolis (GO), quando os policiais chegaram ao local ontem. Ele é considerado foragido.
A ação de ontem foi um desdobramento da Operação Jackpot, da Deco, que prendeu, em 24 de agosto, três homens citados como integrantes do grupo de Cachoeira. Eles teriam começado a atuar no DF após a prisão do contraventor. Depoimentos colhidos pela Deco revelaram que Arnaldo e Valmir agiam em parceria com Otoni Olímpio Júnior e Raimundo Washington Queiroga, conhecidos como irmãos Queiroga. Pelo menos três casas de bingos eletrônicos, das sete desativadas este ano pela Polícia Civil, foram vinculadas a eles. Estavam instaladas em Ceilândia, em Sobradinho e no Lago Sul. “O Arnaldo se tornou um grande líder após a prisão de Cachoeira. Ele mora em Goiânia, mas fornecia máquinas e dinheiro para que fossem abertas salas de jogatina aqui no DF”, detalhou o delegado Fernando Cocito, adjunto da Deco.

A polícia afirma que Arnaldo enchia caminhões com máquinas caça-níqueis de bingos de Goiás e encaminhava para o DF. O transporte ficava por conta de Valmir José. Ele ainda repassava cerca de R$ 10 mil para que os irmãos Queiroga colocassem as salas em funcionamento. “Como os Queirogas perderam dinheiro com o fechamento dos bingos no Entorno, o Arnaldo bancava a abertura de casas novas e cobrava 60% do lucro que tivessem. Se a casa funcionasse uma semana, já pagava o investimento”, explicou o delegado. Os investigadores ressaltaram que Arnaldo e Carlinhos Cachoeira não estariam agindo juntos nesses três bingos. “Antigamente, Arnaldo atuava com Cachoeira e prestava contas a ele, mas depois da prisão começou a agir como líder e recrutou integrantes do antigo grupo, como os Queirogas”, contou Henry Peres, chefe da Deco.

Salas fechadas Os pontos de jogos ilegais no DF são apurados pela Deco desde que foi deflagrada a Operação Monte Carlo, em fevereiro. A ação resultou na prisão de Cachoeira e outros 20 envolvidos no comando de jogos ilegais, principalmente, em Goiás. A investigação da Polícia Federal motivou a instalação de uma CPI no Congresso, que apura a atuação do contraventor. Cachoeira está preso no Complexo Penitenciário da Papuda desde abril. Antes, ficou detido no Presídio Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Ao longo das investigações da Jackpot, sete salas de jogatina foram fechadas. Os policiais pretendem, agora, descobrir a propriedade dos outros quatro pontos fechados no Gama, no Setor de Mansões do Lago Norte e nas asas Sul e Norte. Os investigadores não descartam a participação de familiares de Cachoeira.