A remuneração total paga aos integrantes da Câmara dos Deputados brasileira é 38% maior que a concedida no país em segundo lugar, a Colômbia. Os deputados colombianos recebem 14 salários correspondentes a R$ 5,8 mil por mês mais diversos benefícios que totalizam R$ 1.147.000 anuais a cada parlamentar. O terceiro parlamentar americano mais bem pago é o chileno. Ele recebe verba indenizatória, ajuda de custo e um 13º salário equivalente a 40 dias de trabalho. Até o fim do ano, embolsa R$ 894.342. Em seguida, vêm o México, com custo total de R$ 515.213, o Canadá, com R$ 310.714, e os Estados Unidos, com R$ 310 mil.
Os países que pagam os menores salários combinados com benefícios são a Argentina e a Venezuela. Por ano, cada gabinete venezuelano gera um custo de R$ 65,7 mil, incluindo privilégios e o 13º salário. Um deputado argentino, que recebe apenas 12 salários por ano, fica com R$ 190.800.
Ameaça O diretor da ONG Transparência Brasil, Claudio Abramo, afirma que os gastos com os deputados brasileiros não se justificam. Ele afirma que os gastos elevados são consequência de interesses políticos que não correspondem à vontade dos eleitores. "Políticos precisam ter a perspectiva factível de ter a reeleição muito ameaçada para aprovarem algo que mexa em seus benefícios", avalia.
Em maio, quando o Estado de Minas perguntou aos 513 deputados federais se eram contra ou a favor do fim das remunerações extras que recebem, 260 defenderam acabar com a regalia. Seis afirmaram abertamente querer manter o privilégio. "Venho do sindicalismo, sempre defendi a elevação dos salários. Não vou atuar agora para reduzir o meu", argumentou Devanir Ribeiro (PT-SP). O projeto de decreto legislativo foi aprovado pelo Senado no mês passado. Na Câmara, seguiu para a Comissão de Finanças e Tributação.
Colaboraram Karla Correia e Guilherme Amado