Cachoeira se recusou a responder as perguntas feitas pelos integrantes da CPMI. Ele alegou que estava respondendo a um inquérito na Justiça, com audiência prevista para o fim deste mês. A orientação dos advogados, nesse contexto, era a de que Cachoeira usasse o direito constitucional de permanecer calado. Por duas horas e meia, ele ficou calado, atitude que irritou os integrantes da CPMI, que decidiram suspender o depoimento.
Na avaliação do relator, a convocação de Cachoeira, nesta fase da CPMI, não foi um erro estratégico da comissão. “Não foi um erro. Nós temos uma determinação clara, nós temos instrumentos para garantir que a investigação prossiga", destacou Odair Cunha. "A expectativa é sempre, ao convidar, convocar alguém para estar na CPMI, é que as pessoas colaborem com a investigação. Agora, é claro que nós estamos em um Estado de Direito e nós temos que respeitar o direito dele de ficar calado", avaliou.
O advogado do empresário, Márcio Thomaz Bastos, disse, ao final da reunião, que Cachoeira poderia voltar à CPMI para prestar esclarecimentos. "Ele volta todas as vezes que for convocado".
No entanto, a estratégia da defesa é cumprir, antes disso, três etapas: a análise das gravações, o depoimento à Justiça e o julgamento do relaxamento da prisão de Cachoeira. "Primeiro, nós temos uma equipe estudando as dezenas de milhares de gravações e as dezenas de milhares de páginas escritas nesses processos. Nós olhamos um pouco da Operação Monte Carlo, não tudo. Falta olhar a Vegas, falta olhar os tais encontros fortuitos", relatou o advogado.
"A segunda coisa, ele tem um julgamento marcado no dia 31 de maio e outro 1º de junho, na 11ª Vara Criminal Federal de Goiânia, e ele não vai falar antes disso. E a terceira coisa: nós temos um habeas corpus onde, por razões muito fortes, estamos pedindo a anulação das provas colhidas nessas operações porque elas não foram colhidas de acordo com a lei. Vamos esperar o pronunciamento da Justiça", disse Márcio Thomaz Bastos. Ele também descartou a possibilidade de seu cliente aceitar a oferta de "delação premiada", citada durante a reunião por alguns parlamentares. "Não foi cogitada essa possibilidade", declarou.
O presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), disse que, caso os próximos depoentes utilizem o mesmo recurso utilizado hoje por Cachoeria, conversará com o relator para encontrar um plano alternativo e prosseguir com a investigação. "Vou conversar com o relator para imaginar que precisamos ter uma tática, um plano B ou um plano alternativo, se, na quinta-feira, os acusados se mantiverem também silentes usando o dispositivo constitucional e as garantias", disse o presidente. "Acho um pouco improdutivo, embora respeite as posições dos parlamentares.”