Jornal Estado de Minas

Cachoeira faz integrantes da CPMI de "palhaços", diz deputado

Usando da prerrogativa de não responder aos questionamentos, o contraventor irritou os integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que criticaram a conduta

Marcelo Ernesto - Enviado especial a Curitiba

Parlamentares reclamaram do silêncio de Cachoeira durante sessão da CPMI - Foto: José Cruz/ABrAbatido e acompanhado de seu advogado, o ex-ministro da Justiça, Márcio Thomáz Bastos, o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, cumpriu com o que já era esperado e permaneceu calado durante os questionamentos dos parlamentares integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), montada para esclarecer as ligações dele com políticos. "Boa tarde. Estou aqui como manda a Lei para responder o que for necessário. Constitucionalmente fui advertido para não dizer nada e não falarei nada aqui. Somente depois da audiência que terei no juiz. Depois, se acharem que posso contribuir, responderei a qualquer pergunta", disse Cachoeira. Inicialmente, o depoimento do contraventor estava marcado para o dia 15 de maio, mas foi adiado após liminar concedida pelo ministro Celso de Mello, do Supremo.

Cachoeira está preso desde o dia 29 de maio, como resultado das atividades da Operação Monte Carlo da Polícia Federal, que investigou sua possível ligação com jogos ilegais e o comando, por parte do empresário, de uma rede criminosa envolvendo agentes públicos e privados. Com uma aparência mais magra, o empresário chegou ao Senado escoltado pela polícia, vestindo um terno cinza e gravata.

O primeiro a questionar Cachoeira foi o relator da CPMI, o deputado Odair Cunha (PT-MG). Cunha perguntou sobre a origem de renda que ele declarou nos últimos anos, se viriam de empresas ligadas a Delta. O relator também questionou a relação de Cachoeira com a Construtora Delta e sobre bens imóveis mantidos fora do país. Diante de todos as perguntas, o bicheiro apenas dizia que não falaria antes da audiência com o juiz, mesmo após Odair Cunha indagar se ele falaria em uma possível sessão secreta.

Já o deputado Fernando Francisquini (PSDB-PR) reclamou da postura de Cachoeira. “O depoente não pode achar que aqui tem um monte de palhaço”, reclamou. O depoente chegou a afirmar que os parlamentares “forçaram” a ida dele à CPMI antes da audiência com o juiz. “Antes de eu depor no juiz eu não posso falar, não vou falar. Depois disso, vamos ver. Foi o pedido de sempre para reavaliar nossa vinda. Quem forçou foram os senhores”, afirmou cachoeira.

Início da sessão

Primeiros a falar, os parlamentares do PSDB, deputado Carlos Sampaio e Fernando Francischini concentraram as indagações na relação de Cachoeira com Agnelo Queiroz (PT), governador do Distrito Federal, e o de Idalberto Matias de Araújo, o Dadá. O deputado Franchisquini foi além e perguntou se o contraventor aceitaria a proposta de delação premiada, para “passar a vassoura” no Congresso Nacional. Franscisquini também defendeu que sejam ouvidos o governadore de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), além da quebra do sigilo da Construtora Delta nacional.

A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) chegou a propor que a sessão para ouvir o depoimento do empresário fosse encerrada e, em seguida, os trabalhos fossem reiniciados como parte de sessão administrativa, onde poderiam ser votados requerimentos para quebra de sigilo e outras convocações. Alguns parlamentares alegaram ainda que o silêncio de Cachoeira, antecedido por várias perguntas de cada parlamentar da CPMI, estava servindo de munição para a defesa do empresário em futuras ações judiciais.

O senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), encerrou a sessão pouco depois das 16h30, após o relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG), colocar em votação o requerimento da senadora Kátia Abreu, que pedia o fim da sessão. A proposta foi aceita pela maioria dos presentes.

Com Agência Brasil