Jornal Estado de Minas

PMDB de Uberaba enfrenta crise na escolha de pré-candidatos

Alessandra Mello
Intervenção estadual tira Anderson Adauto do comando do partido e põe Paulo Piau na disputa eleitoral - Foto: Marcelo Santanna/EM/D.A PRESS - 30/7/10 Uma comissão nomeada pelo comando do PMDB mineiro vai conduzir o processo eleitoral em Uberaba, no Triângulo Mineiro. Em reunião na tarde de ontem a direção do partido no estado se posicionou, por 10 votos a um, favorável ao pedido de intervenção feito por aliados do deputado federal Paulo Piau (PMDB), que disputa com o secretário de governo de Uberaba, Rodrigo Mateus (PMDB), a indicação para ser candidato à sucessão do prefeito Anderson Adauto (PMDB). A decisão retira o prefeito do comando das articulações e praticamente inviabiliza a candidatura de Rodrigo Mateus, que contava com o apoio de Adauto para disputar pelo PMDB, e garante o lançamento do nome de Piau.
O presidente da legenda, deputado federal Antônio Andrade, disse que a intervenção foi necessária, pois Adauto, que tem o controle total sob o diretório, vinha conduzido as conversas sobre a sucessão na contramão dos interesses do partido no município, sétimo maior colégio eleitoral do estado. Andrade disse que o partido deve escolher o candidato mais posicionado nas pesquisas e com mais chance de vitória para participar da disputa.

No fim do ano passado, o prefeito surpreendeu os aliados e também o PMDB ao lançar Rodrigo Mateus como pré-candidato. A decisão causou um racha no partido, que já tinha outros pré-candidatos, entre eles Piau e o vereador Tony Carlos, que acabou abdicando da disputa. Sem consenso entre Mateus e Piau, Adauto propôs a realização de uma prévia para a escolha do nome, mas não houve acordo.

Adauto disse que foi vítima de um golpe que retirou do prefeito a chance de participar da escolha de seu sucessor. “Foi um golpe. Fui derrotado pelo Código Florestal”, afirmou o prefeito, referindo-se ao fato de Piau ter sido o relator na Câmara dos Deputados do projeto do Código Florestal, que aguarda a sanção ou o veto da presidente Dilma Rousseff. Segundo o prefeito, o deputado atendeu a pedidos da bancada do PMDB na relatoria do projeto e como contrapartida teve a garantia de que seria o candidato. “Se o PMDB mineiro não fizesse a intervenção, a nacional faria.”

Aliança


Para Piau, Adauto estava conduzindo o processo de maneira equivocada tentando emplacar um candidato que não decola nas pesquisas, talvez com o objetivo de “fazer o PMDB perder a disputa para apoiar quem sabe outro nome”. Segundo ele, os nomes colocados continuam na disputa e o próximo passo do partido é unificar a legenda no estado em torno de um nome forte. O deputado não citou o nome, mas boatos negados pelo prefeito dão conta de que Adauto trabalhava para apoiar a candidatura do deputado estadual Adelmo Carneiro Leão. Piau não descarta a aliança com outros partidos e disse que tudo vai ser tratado em reuniões marcadas para os próximos dias. O PSDB deve lançar Fahim Sawan e o PSD deve indicar Antônio Lerin, ambos deputados estaduais.

Para Rodrigo Mateus, a decisão de ontem é uma “salvaguarda” para que Piau seja o candidato do PMDB. Ele disse que não resolveu ainda o que vai fazer depois da decisão do comando da legenda, mas condenou a intervenção, classificada por ele como um “instrumento violento contra um diretório que existe há duas décadas e que nunca foi alvo de nenhuma interferência por parte do comando”. “Permaneço no partido com dignidade, pois foi com essa postura que enfrentei todo esse processo”, comenta.