Jornal Estado de Minas

Congresso analisa processo de cassação de Demóstenes Torres

Karla Correia
Demóstenes Torres está na mira do Conselho de Ética do Senado devido às suas ligações com empresário do jogo - Foto: Ronaldo de Oliveira/CB/ DA PressTerminado o feriado santo prolongado, a possível instalação do processo de cassação contra o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) vai dominar a agenda política do Senado a partir de hoje. O Conselho de Ética da Casa deve eleger amanhã seu novo presidente, viabilizando a abertura do processo contra Demóstenes por quebra de decoro parlamentar, em razão de suas ligações com o empresário do jogo Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) é o mais cotado para presidir o Conselho de Ética.
Outro desdobramento da Operação Monte Carlo no Congresso é a discussão sobre a abertura da comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar as ligações entre Cachoeira e parlamentares, proposta pelo deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP). Os deputados aguardam as informações pedidas à Procuradoria Geral da República sobre as investigações contra o bicheiro.

Se por um lado as discussões políticas sobre o futuro de Demóstenes devem agitar o Congresso, o Palácio do Planalto, contudo, aposta nas votações de projetos polêmicos para tentar esvaziar a discussão em torno da CPI. A liberação de até R$ 1,8 bilhão em emendas parlamentares, somada ao acordo pela mudança no índice de reajuste das dívidas dos estados, deve pavimentar a votação, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ), da chamada Resolução 72, que iguala em 4% a alíquota do ICMS cobrada nas operações de importação nos estados. A medida pretende acabar com a chamada “guerra dos portos”, em que os estados disputam navios carregados com produtos importados oferecendo alíquotas mais baixas – o que acaba por gerar uma concorrência desleal dos produtos importados com a indústria nacional.

Para vencer a resistência de estados como o Espírito Santo e Santa Catarina, o governo admite trocar o índice de correção aplicado às dívidas das unidades da Federação. Hoje, é utilizado o IGP-DI, vulnerável a variações cambiais e às flutuações nos preços de commodities, mais um adicional entre 6% e 9%. Com a mudança, as dívidas poderão passar a ser corrigidas pela taxa básica de juros, a Selic, que está em 9,75% ao ano e deve manter a tendência de queda.

Código Florestal

A inclusão do texto na pauta de votações no Senado se dá em meio a uma trégua entre a base aliada e o governo. A autorização para negociar as emendas foi dada pela presidente Dilma Rousseff à ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e o empenho dos recursos deve ocorrer até junho, quando se encerra o prazo para fechar convênios com municípios, em ano eleitoral.

Na Câmara, as atenções do governo se voltam para a negociação do Código Florestal. O acordo firmado para viabilizar a aprovação da Lei Geral da Copa prevê a votação do novo código até o fim deste mês. A expectativa é de que o Palácio do Planalto prorrogue mais uma vez a validade do decreto que suspende a punição a fazendeiros que desmataram áreas em descumprimento ao atual Código Florestal. O objetivo é tirar a tensão da negociação com a bancada ruralista em torno do novo código.

Esta semana, a Casa ainda deve votar um projeto de lei autorizando a utilização de testemunhos, exame clínico, imagens e vídeos para comprovar a embriaguez em motoristas flagrados em blitz. O texto foi apresentado no mesmo dia em que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que somente o teste de bafômetro e o exame de sangue poderão ser usados como prova de embriaguez.