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Estado de Minas

Rebelião se espalha e PR rompe com Dilma

Após o partido perder vaga nos Transportes, seus sete senadores anunciam que vão para a oposição. Com a troca de lideranças, PMDB ameaça jogar duro em votações importantes


postado em 15/03/2012 06:00 / atualizado em 15/03/2012 07:54

Brasília – A base aliada resolveu comprar a briga com o Palácio do Planalto e está disposta a infernizar a vida do governo. Os parlamentares que comandam o PMDB no Senado lembraram que o novo líder do governo na Casa, Eduardo Braga (PMDB-AM), está na mão deles e terá que negociar para conseguir os votos favoráveis à tramitação de propostas em plenário. Na Câmara, o partido avisou que o Código Florestal vai paralisar tudo. “Já aconteceria isso antes. Agora, sim, tudo vai travar”, disse o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Os senadores do PR não gostaram da notícia de que Paulo Sérgio Passos seria mantido no Ministério dos Transportes e anunciaram que vão para a oposição.

O Planalto sentiu o golpe do PR e, no início da noite, Eduardo Braga e o líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), foram acionados para tentar uma recomposição com os republicanos. Eles chamaram o líder do partido no Senado, Blairo Maggi (MT), e o presidente nacional da legenda, Alfredo Nascimento (PR-AM) para uma conversa reservada, na qual tentaram convencer Blairo a ir para o Ministério dos Transportes, já que ele seria um nome aceito pela presidente. “Só vou se tiver carta branca para nomear e demitir quem eu quiser, inclusive o Paulo Sérgio”, respondeu ele.

Os dois senadores retornaram ao Planalto para levar à presidente os termos colocados por Blairo. “Vamos conversar mais sobre o PR amanhã (hoje). Dialogar é o melhor caminho, mas não depende de nós. Nomear ministro é atribuição da presidente”, disse Walter Pinheiro ao Estado de Minas.

A crise com o PR começou a ser desenhada à tarde, quando Blairo conversou com a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Ele levou uma lista de nomes sugeridos para o cargo. No rol, os deputados Luciano Castro (RR), Milton Monti (SP) e Wellington Fagundes (MT), o vereador de São Paulo Antônio Carlos e o ex-senador César Borges (BA).

Ideli, com a caneta em punho, cortou a lista. “Deputado não pode”, afirmou, ao riscar os nomes de Luciano, Monti e Fagundes. “Esse aqui pode ser diretor”, disse, fazendo um V ao lado do nome de Borges. “Como?, perguntou Blairo. Ideli explicou: “Deputado não pode, porque só pode ser ministro”. Foi aí que Blairo ficou vermelho: “Como é?” Ideli abriu o jogo: “Vamos manter o Paulo Sérgio (Passos) e dar a vocês dois diretores.” O senador encerrou a conversa. A senha estava dada: o PR no Senado sairia dali para a oposição.

Deboche No PMDB o dia foi de “ressaca”. Eduardo Braga é visto como alguém “que não conhece os escaninhos do Congresso”. Em tom de deboche, interlocutores do partido disseram que na primeira votação em comissão ou plenário baseada no regimento interno Braga entrará em parafuso. “O Jucá (Romero, ex-líder do governo) sabia de cabeça onde estava cada projeto de interesse do Planalto. Braga vai sofrer até aprender isso”, resumiu. Raposas velhas do Parlamento, os peemedebistas trabalham com uma aritmética simples: o grupo de Renan, Jucá e o presidente do Senado, José Sarney (AP), conta com 12 votos. Os dissidentes, de onde veio Braga, somam oito.

 Na Câmara, as votações das duas principais pautas, a Lei Geral da Copa e o Código Florestal, foram empurradas para a próxima semana. Integrantes da base saíram da primeira reunião com o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), irritados com a postura de Ideli, que teria endurecido a posição do governo na discussão do Código Florestal, depois de dizer que espera uma transição tranquila. Chinaglia ainda foi vítima de gafe no Diário Oficial da União, onde aparece como senador, em vez de deputado, e indicado para líder do Congresso, e não da Câmara.

O alerta de Collor

O senador Fernando Collor (PTB-AL) fez nessa quarta-feira um alerta à presidente Dilma Rousseff sobre as relações com o Congresso. “A base está sentindo um certo azedume. O diálogo precisa ser reaberto”, disse. Eleito presidente em 1989, Collor afirmou ter experiência no tema: “É fundamental que o Planalto ouça esta e a Casa ao lado. Digo com experiência de quem, na Presidência da República, desconheceu a importância da Câmara e do Senado. O resultado desse afastamento resultou no meu impeachment”. 


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