Há casos em que os vereadores não recebem nem 13º salário, como os de Belém, Curitiba, Goiânia, João Pessoa, Salvador e Vitória. Na capital capixaba, por exemplo, os 15 parlamentares não têm nenhum benefício além do salário de R$ 7,3 mil, que inclusive ficou congelado para a próxima legislatura. Até gastos com celulares ou gasolina, por exemplo, ficam por conta do próprio salário. Os vereadores de Belém do Pará tentaram instituir o pagamento do 13º salário mas o Tribunal de Contas dos Municípios negou por duas vezes. Em abril de 2010 e abril de 2011 os parlamentares se mobilizaram mas não conseguiram.
Os vereadores de Campo Grande recebem um salário adicional apenas em fevereiro e, mesmo assim, no início de cada mandato. A verba é para que montem a estrutura inicial. Todos os gastos precisam ser informados conforme um termo de ajustamento de conduta firmado com o Ministério Público. Até 2009 eles recebiam o 13º, mas o benefício foi extinto. Em troca, o MP concordou com a ajuda de custo a cada quatro anos. No Recife, os vereadores também recebem um salário adicional no início do ano como auxílio-paletó para compensar o abono de Natal que não têm.
Caros
Não é só o pagamento de verba para a compra de ternos que coloca os vereadores de Belo Horizonte no grupo dos mais caros do país. O custo mensal deles chega a R$ 69.297,05, um total de R$ 831.564,60 a cada ano. Somadas apenas as parcelas que eles recebem em dinheiro – salário, verba do paletó, telefone e indenizatória –, cada um dos parlamentares tem para gastar R$ 26.636,05 todos os meses.
Conforme já mostrou o Estado de Minas, o valor equivale a 19 vezes o rendimento mensal médio dos trabalhadores da Região Metropolitana de Belo Horizonte (R$ 1.391) em setembro de 2011, conforme dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese)/Fundação João Pinheiro, descontada a inflação. Os vereadores da capital mineira contam ainda com uma verba de R$ 42.661 para contratar até 15 funcionários nos gabinetes. Uma média salarial de R$ 2,84 mil para cada um de seus assessores.
Em comparação com as assembleias legislativas de seus estados, as câmaras levam a pior. Deputados de 11 estados recebem a verba para comprar terno, inclusive os de Minas Gerais. Outros seis extinguiram o benefício diante de pressão popular ou ações judiciais. Os últimos a perderem o benefício foram os deputados distritais, que aprovaram na semana passada um projeto de lei que acabou com o pagamento dos 14º e 15º salários, de R$ 20 mil cada. Os mineiros podem ser os próximos da lista. A Ordem dos Advogados do Brasil, seção Minas Gerais, decide hoje se vai questionar na Justiça a verba adicional de R$ 40.082,70 anuais por parlamentar.