No encontro de quinta-feira com Lula, porém, Dilma expôs ao padrinho político o seu incômodo com a insubordinação do PMDB, que divulgou manifesto subscrito por deputados, e avalizado pelo vice-presidente Michel Temer, contendo críticas ao PT e ao governo. Não foi só: ela reclamou da infidelidade de aliados como o PR, o PDT e o PSB, que se destacaram por expressivas votações contra o Fundo de Previdência Complementar dos Servidores Públicos Federais (Funpresp).
Lula aconselhou a sucessora a conversar mais com os partidos que compõem a coalizão, ouvir suas queixas e afagá-los sempre que possível, para evitar que o pote de mágoas transborde. “Não deixe que isso prospere”, comentou o ex-presidente, de acordo com relatos da conversa.
Insatisfeitos por não participarem das decisões governamentais e com a distribuição dos cargos, os peemedebistas viram na nomeação de Crivella para o Ministério da Pesca a gota d’água para a rebelião. Ao divulgarem o manifesto no qual dizem viver numa “encruzilhada” em que o PT quer tirar o “protagonismo” do PMDB, deputados observaram que nem Temer foi consultado sobre a escolha de Crivella.
Com um discurso cheio de recados, Dilma respondeu à crítica do manifesto do PMDB de que há uma “relação desigual” entre os parceiros, pois o processo de decisão no Planalto “não passa pela discussão” com os aliados.
“Eu queria dizer para vocês que o que distingue o presidencialismo é que, nesse sistema, as decisões são responsabilidade e pesam sobre as costas da pessoa que é chefe de Estado e de governo”, insistiu Dilma. “Cabe ao presidente ouvir, consultar, avaliar e decidir, mas também cabe ao presidente construir a equipe que divide esse fardo.”
Após o discurso de Dilma, o senador Valdir Raupp (RO), presidente do PMDB, disse que o manifesto do partido - subscrito por 45 de 76 deputados - não significa ruptura com o governo. “É mais alerta porque a insatisfação da bancada começa pelas eleições municipais, já que há um trabalho intenso do PT para neutralizar candidaturas do PMDB.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.