Para os antifruetistas, o eleitorado não assimila bem esse tipo de coligação entre ex-adversários políticos. “Mas já há uma maioria favorável à aliança, hoje”, minimiza Dirceu, que atribui ao empenho do deputado estadual Tadeu Veneri (PT) em lançar sua candidatura o principal fator de rejeição da militância petista a Fruet. “As divisões do partido no estado são históricas, mas a militância é disciplinada, não vai comprometer uma eleição”, avalia.
Caso semelhante se desenrola no Rio de Janeiro, onde o deputado Alessandro Molon (PT) lançou o movimento “Coragem para Mudar”, em repúdio à aliança que dará suporte à reeleição do prefeito Eduardo Paes (PMDB). “Discordo frontalmente da aliança e vou batalhar até o último minuto pela candidatura própria do PT”, diz o deputado. Assim como em São Paulo, a coligação tem como seus padrinhos o ex-presidente Lula.
Pressão Em situação próxima à de Curitiba, Paes tem um histórico de oposição e também foi algoz do PT durante a CPI dos Correios, quando ocupou a relatoria-adjunta. Mas a crise entre PT e PMDB no estado estourou quando o presidente do PMDB fluminense, Jorge Picciani, comunicou que seu partido não apoiaria candidaturas petistas em cidades estratégicas no estado, como Petrópolis e Niterói. Ato contínuo, parte do PT-RJ passou a defender a candidatura do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) à sucessão estadual, em 2014.
A dissonância entre os interesses nacionais da legenda e os regionais é ponto em comum na maior parte dos problemas que o PT enfrenta na formação de alianças. Vice-presidente do diretório nacional do PT, o deputado José Guimarães (CE) aponta, entre os objetivos das coligações nas eleições municipais, a consolidação da base de sustentação política do governo de Dilma Rousseff e a prevenção de uma retomada de fôlego do PSDB e do DEM em regiões que o PT obteve crescimento em 2010, como o Nordeste. Os aliados preferenciais do partido vêm do PMDB e do PSB. “As candidaturas próprias são importantes para fortalecer o partido, mas as alianças são fundamentais na lógica nacional. Elas são uma forma de reforçar a rede de apoio ao governo e de isolar a oposição”, avalia Guimarães.
Enquanto isso...
..Em Belo Horizonte
Se em algumas capitais, como São Paulo, alianças apoiadas pela cúpula nacional do PT despertam ódio na militância, o sentimento das bases em Belo Horizonte sobre possível reedição da união com o PSB e o arquirrival PSDB será conhecido no próximo mês. Por ora, a legenda segue dividida sobre o participação na reeleição de Marcio Lacerda (PSB). Se de um lado o presidente nacional do PT, Rui Falcão, já declarou apoio à aliança, inclusive com os tucanos, do outro, o vice-prefeito Roberto Carvalho garante ter conseguido 3.730 assinaturas de militantes em rejeição à união. Em março, os filiados elegem delegados para os representarem na decisão sobre a candidatura própria ou o repeteco da aliança.