Ainda estão em investigação outras notas promissórias apresentadas por Nilton Monteiro – preso desde outubro – contra alguns nomes expressivos da política mineira: R$ 650 mil seriam devidos pelo deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB), R$ 190,6 milhões pelo ex-deputado federal Vitorio Mediolli, R$ 1,86 milhão pelo ex-secretário do governo Azeredo Cláudio Mourão, R$ 50 mil pelo ex-ministro do Turismo e ex-vice-governador de Eduardo Azeredo, Walfrido dos Mares Guia, e R$ 14 milhões por Dimas Fabiano. Esses documentos são contestados judicialmente pelos políticos e de acordo com a Polícia Civil são falsos. Um relatório com as conclusões foi encaminhado para a 2ª Vara Criminal de Belo Horizonte, onde tramita uma ação contra Nilton Monteiro, com a sugestão de que seja enviado à Polícia Federal, responsável pela investigação da Lista de Furnas.
A grande dúvida para a Polícia Civil é por que o lobista teria falsificado tantas notas envolvendo empresários e políticos e a mando de quem. As notas somam cerca de R$ 300 milhões. Para tentar encontrar as respostas foi oferecida a “delação premiada” a Monteiro – instituto que permite a acusados ou indiciados que colaborarem com a investigação a redução da pena em até dois terços. No entanto, ele se recusou a colaborar. Na avaliação do delegado Márcio Nabak, o lobista é um “homem simples, que anda em um carro simples” e estaria agindo como “laranja” em nome de alguém – até mesmo um político. A pedido da polícia, o Ministério Público já teria feito pedido judicial para a quebra do sigilo bancário de Nilton Monteiro.
RESTO Ao verificar os computadores de Nilton Monteiro, a polícia encontrou minuta de documento produzido em 4 de janeiro de 2008 em que ele cobrava do deputado Rogério Correia parcela de pagamento por serviços prestados. O documento foi registrado quatro dias depois no cartório do 2º Ofício de Registro de Títulos de Documentos de Belo Horizonte. A cobrança foi recebida na Delegacia do Ministério do Desenvolvimento Agrário por Rogério Correia. No documento, o lobista pede o pagamento do restante devido em razão de acordo celebrado em 2 de junho de 2005.
O deputado Rogério Correia disse não ter ideia de que dívida Monteiro estaria lhe cobrando. Ele desconhece o documento e acusa o delegado de ter tentado cooptar o lobista para armar contra ele. (Colaborou Juliana Cipriani)
Opinião do EM
A encruzilhada de Correia
A resposta enviesada de Rogério Correia ao ser confrontado com a informação de uma suposta dívida com o falsário Nilton Monteiro só sublinha a enrascada em que se meteu o deputado. Se bradar que é falso o documento registrado em cartório e apreendido pela Polícia Civil, o parlamentar corrobora a certeza, verificada ao longo da investigação, de que Monteiro não pode ser considerado nem um pouco confiável. Mas, se insistir em apregoar a veracidade da lista preparada pelo estelionatário, Correia estará afirmando também que a sua dívida com ele é igualmente verdadeira. Cada vez mais enrolado, o parlamentar está diante de uma encruzilhada. E, independentemente do caminho que escolher, o seu mandato estará ameaçado, pois na vida pública a mentira não tem só perna curta – representa também quebra de decoro.