
Nas conversas gravadas pela PF, segundo a reportagem, o documento, que traria nomes e valores de políticos da oposição envolvidos em negociações de caixa dois para campanhas eleitorais, teria sido trocado por pagamentos diretos e benefícios junto a bancos públicos. As escutas comprovariam também como os deputados petistas encomendaram a lista com o objetivo claro de incriminar opositores durante o auge do mensalão e comprovariam que em 2009 o suposto falsificador tentou entregar o documento ao processo do mensalão que ainda tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). O relator da causa no STF, ministro Joaquim Barbosa, rejeitou que o documento fosse apensado ao caso.
A denúncia publicada pela revista repercutiu entre parlamentares da oposição envolvidos no documento, que afirmaram que vão acionar o Judiciário e cobrar da PF a conclusão das investigações da suposta falsificação da Lista de Furnas. Citado no documento como beneficiário de caixa dois, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) quer que seu partido entre com uma representação contra Rogério Correia na ALMG e prometeu acionar judicialmente os envolvidos. “A matéria confirmou o que já sabíamos. Essa lista era uma operação do PT com um falsificador. Uma quadrilha operando para tentar calar e criar constrangimentos para a oposição”, afirmou Maia.
Outro que criticou as estratégias que teriam sido usadas pelos parlamentares mineiros na elaboração do documento foi o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR). O parlamentar lembrou que a falsidade do documento já teria sido apontada pela CPI dos Correios, que investigou o escândalo do mensalão. “Era uma falsificação grosseira. Agora há comprovação pela gravação. Naquela época não tínhamos os nomes. Como essas gravações foram feitas com autorização judicial, o que se espera é providência judiciária, responsabilização e julgamento”, cobrou Dias.
Outro lado
O deputado Rogério Correia, um dos envolvidos nas denúncias da revista, afirmou ao Estado de Minas que levará amanhã ao plenário da Assembleia Legislativa a comprovação de que o documento foi autenticado pela Polícia Federal em 2006. O parlamentar mineiro lamentou que um tema antigo e já considerado comprovado pelos órgãos responsáveis tenha voltado à tona dessa forma. “Temos o laudo periciado da PF, assinado pelo Dimas Toledo (ex-diretor de Furnas), atestando que a lista é verdadeira e não teve qualquer irregularidade ou montagem. Esses documentos já foram divulgados na imprensa em 2006, mas vamos apresentá-los novamente”, explicou o petista. (Com agências)
Lista de furnas
Planilha que teria valores e informações sobre repasses a campanhas eleitorais de parlamentares e governantes de oposição durante o pleito de 2002. O documento teria sido apresentado durante a crise do mensalão do PT para fazer um contraponto às denúncias do esquema operado pelo publicitário Marcos Valério. O caixa dois denunciado seria organizado pelo então comandante da estatal, Dimas Toledo.