Gil acompanha o governo Dilma e o desempenho de sua sucessora na pasta da Cultura, Ana de Hollanda, em particular, pelo noticiário, sem dar declarações que possam soar intrometidas. De personalidade conciliadora, o músico preferiu se manter de fora das polêmicas que se sucederam na Pasta neste primeiro ano - da reforma da Lei dos Direitos Autorais à aprovação controversa de projetos na Lei Rouanet, passando pelas diárias recebidas (e devolvidas) pela ministra por dias de folga. Ele considera que Ana, que pode deixar o cargo na reforma ministerial de janeiro, está se saindo até agora "dentro da média da avaliação geral do governo da Dilma".
Gil acha que a intensidade das críticas à administração de Ana foi menor do que a que ele teve de enfrentar em 2003. "Não é nada diferente do que foi comigo. Num certo ponto, foi mais, porque a minha presença era mais escandalosa do que a da Ana", disse, rindo. "Ela já tinha o benefício de eu ter sido ministro antes, sendo artista e tal. E algumas das minhas propostas iniciais do Ministério entraram em choque mais abertamente com os sistemas gerais da cultura no Brasil".
Adepto da máxima de que "ex precisa entender que é ex", ele vê os ataques sucessivos à ministra desde o início do ano como reações à descontinuação de políticas iniciadas por ele e por seu sucessor, Juca Ferreira (no cargo de 2008 a 2010). "Havia uma massa de programas em andamento, nas gestões Gil e Juca, que as pessoas queriam que continuasse. Na medida em que houve, aqui e ali, recuo por parte do Ministério novo, houve insatisfação".
Ainda sobre o governo Dilma, Gil demonstra considerar injustas as comparações com era Lula. "É um governante que saiu ungido, nos braços calorosos da opinião pública. É substituído pela primeira mulher a ocupar a Presidência da República, com toda sua história, e sem nenhuma possibilidade de repetir o desempenho do governo Lula. Porque é outro momento histórico, a economia está numa outra situação, o jogo das forças nacionais e internacionais está em outro plano".