Jornal Estado de Minas

Vereador de São Gonçalo do Pará é cassado por quebra de decoro parlamentar

De acordo com presidente da Câmara, o vereador cassado teria acusado outros dois parlamentares de participação de em esquema que pretendia incriminá-lo por recebimento de propina

Marcelo Ernesto - Enviado especial a Curitiba
O vereador Raimundo Batista Ferreira (PT) teve o mandato cassado pela Câmara Municipal de São Gonçalo do Pará, município localizado a 95 quilômetros de Belo Horizonte, na Região Centro Oeste de Minas. O petista foi afastado por quebra de decoro parlamentar, por seis votos a um, em sessão realizada na semana passada. Ele é acusado de ter colocado o Legislativo Municipal sob suspeita.
O processo foi aberto em abril, quando Raimundo teria comparecido à Casa com cerca de R$ 5.000, sendo R$ 3.750 em dinheiro e o restante em cheque de R$ 1.750. De acordo com o presidente da Câmara, Maycon Silva de Lima (PSDB), ao apresentar a quantia em plenário, Raimundo disse que era vítima de uma armação, por parte de um empresário do ramo de extração de areia, com a participação de outros dois vereadores.

De acordo com o líder da Casa, o processo foi instaurado porque Raimundo não teria informado o nome dos parlamentares que estariam envolvidos na denúncia. “Dessa forma, o vereador colocou toda a Câmara sob suspeita”, explicou.

O vereador Raimundo Ferreira afirmou que as chantagens tiveram início após ele apresentar um projeto que alterava a Lei Orgânica do Município e permitia que empresas instalassem dragas às margens do Rio Pará para fazer a retirada de areia e cascalhado. Segundo Ferreira, 27 dias após a tramitação final do projeto, aprovado por unanimidade, ele foi procurado. Na ocasião, a pessoa lhe entrou um pacote.

Segundo o petista, ele pegou o pacote com intenção de identificar quem havia enviado. “Eu aceitei o cheque para poder rastrear de onde saia o dinheiro. Caso contrário, não teria como pegar o autor”, informou. Ainda segundo Ferreira, o dinheiro foi apresentado à Casa na primeira sessão após o recebimento do valor, e que ele mesmo pediu para que a CPI fosse instaurada.

Para Raimundo, ele está sendo vítima de um esquema por ser “o único vereador da oposição”. Ele rebate o argumento do presidente da Câmara de que teria acusado outros dois parlamentares. “Essa foi uma fala que nunca existiu”. Raimundo também afirma que vai recorrer e levar o caso às instâncias superiores e que vai voltar a ocupar o cargo.

Segundo informações do presidente da Câmara, a vereadora Maria Antônia (PT) assume a vaga de Raimundo na Câmara Municipal de São Gonçalo do Pará.