Gilberto Carvalho reconheceu que os decretos assinados por Dilma - que exige que o ministro assine o convênio e se responsabilize por ele e o segundo, que suspendeu por 30 dias os repasses às ONGs - criou um clima ruim com as ONGs sérias, problema que ele acredita que tenha sido superado, agora, com as discussões entre sociedade e governo. "Eu tenho a impressão que o ambiente criado aqui nesse diálogo dissolveu essa impressão primeira de que o governo queria com os decretos criminalizar generalizadamente as ONGs", comentou o ministro, que defendeu as instituições, ressaltando a importância do trabalho delas, sem o qual muitos projetos de inclusão social não poderiam ser realizados pelo governo. "Nós estamos com uma postura positiva de valorizar as ONGs e, eu repito, sem elas, nós não cumpriremos a nossa meta de construir de fato uma nação digna, uma nação democrática", completou.
A diretora executiva da Associação Brasileira das Organizações Não governamentais (ABONGs), Vera Masagão, que participou do seminário, voltou a se queixar do tratamento inicial dispensado a todas as ONGs, mas defendeu que se coíba o uso de nome de organizações para fins ilícitos, muitas vezes favorecendo grupos políticos. "Isso prejudica a confiança da sociedade em si mesma" comentou ela, reiterando, no entanto que, "se tem alguém cometendo algum ilícito, este deve ser punido e, para isso, é preciso que existam regras claras e que elas sejam cumpridas. Para ela, no momento, "estamos no caminho certo".
Vera Masagão se queixou que o segundo decreto, que suspendeu os repasses, "considera todos culpados até que se prove ao contrário". Ela disse que a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffman, garantiu, na abertura do encontro, que os recursos serão liberados, a medida que se comprove que a ONG não tem problema, que será a maioria. "O que nós tememos é a capacidade administrativa que os ministérios terão de avaliar e liberar os recursos. Ficamos extremamente preocupados e esperamos que os gestores tenham bom senso e passem a liberar os convênios para que as entidades não sofram", observou.
A presidente da Abong reconheceu que existem problemas em algumas organizações. "Ninguém está acima do bem e do mal, nem gestor público, nem gestor de organização social. O que precisamos é que existam regras que sejam cumpridas. Precisamos de transparência. Acredito firmemente que não há como combater corrupção pelos órgãos de controle porque eles não tem condições de ir a cada canto do país", disse ela propondo que exista informação pública sobre os convênios e quem eles atendem. Ela ressaltou que a Abong incentiva a autorregulação, mas não tem como fazer este controle, ainda mais que as associadas à instituição são apenas 250 (duzentos e cinquenta) das 330 mil que existem.