De acordo com o Contas Abertas, a principal diferença está na diminuição do valor empenhado, que são as reservas no orçamento feitas para futuros pagamentos. Até setembro de 2010, foram empenhados R$ 34,4 bilhões, contra R$ 23,1 bilhões, neste ano. Dessa forma, o valor montante realmente executado, sem considerar os restos a pagar - que permaneceram em cifras iguais -, passou de R$ 11,2 bilhões para R$ 7,3 bilhões de um período para o outro.
Entre os principais órgãos da administração central, o Ministério da Saúde, o Ministério do Turismo e a a Justiça Eleitoral foram os que mais sofreram a redução de investimentos. O primeiro reduziu em cerca de R$ 228,6 milhões os gastos com obras e equipamentos, aplicando no total R$ 1,6 bilhão. Já o Ministério do Turismo, que passou pelo queda do ex-ministro Alfredo Nacimento e posse do ministro Paulo Passos, aplicou R$ 163,6 milhões a menos que no mesmo período do ano passado, e chegou à cifra de R$ 319,6 milhões em investimentos. Além disso, a Justiça Eleitoral sofreu decréscimo de aproximadamente R$ 215,8 milhões e investiu R4 174,3 milhões.
O economista Newton Marques, integrante do Conselho Federal de Economia, avalia que a situação é “completamente anticíclica”. “Não é normal. Neste momento de crise econômica mundial, os investimentos devem fazer falta”, pondera. Para ele, apesar de alguns ministérios terem enfrentando uma série de denúncias de irregularidades em contratos e de corrupção, os investimentos da União deveriam ser tratados “com mais prioridade que uma decisão política”. “Mesmo com as mudanças, os ministérios deveriam ter tomado atitudes em relação ao voluma das aplicações”, afirma.