Jornal Estado de Minas

Caso Bruno vira palanque para eleições municipais de 2012

Delegado Edson Moreira, que não conseguiu desvendar o mistério, e advogado Ércio Quaresma, que foi demitido pela família do jogador, querem aproveitar fama para tentar vaga na Câmara de BH

Leonardo Augusto
Delegado Edson Moreira se filiou ao PTN, enquanto Ércio Quaresma entrou para o PV - Foto: Jackson Romanelli/EM/D.A Press - 20/10/10
O chefe do Departamento de Investigações (DI) de Minas Gerais, Edson Moreira, e o advogado criminalista Ércio Quaresma têm mais um embate pela frente. Agora, porém, a disputa não acontecerá em meio a uma investigação de homicídio, mas nas urnas. Os dois são candidatos a vereador em Belo Horizonte nas eleições de 2012. Edson se filiou ao PTN. Ércio, ao PV. O chefe do DI foi o responsável pelas investigações do caso envolvendo o goleiro Bruno, ex-jogador do Atlético e do Flamengo, suspeito de mandar matar a ex-amante, a modelo Eliza Samudio. Quaresma defendeu o atleta em parte do processo.
O presidente do PTN de Belo Horizonte, Wellington Magalhães, diz que Edson Moreira é o candidato que todo partido quer ter em seus quadros. “Depois das investigações do caso Bruno, em todos os lugares a que o delegado vai as pessoas querem tirar fotos ao seu lado”, afirma. Wellington acredita ainda que os policiais civis do estado apoiarão Moreira, despejando votos no candidato. A última candidata que se elegeu com apoio da categoria foi a primeira delegada de Mulheres de Minas Gerais, Elaine Matozinhos, que já foi deputada estadual e hoje é vereadora.

Para se eleger pelo PTN, segundo o presidente da legenda, são necessários cerca de 4 mil votos. Por ser funcionário público, o delegado precisa se desincompatibilizar do cargo três meses antes das eleições, conforme a legislação.

O crime investigado pelo delegado teria ocorrido em meados do ano passado. O último contato feito por Eliza, com uma amiga, foi em 4 de junho. O corpo da mulher não foi encontrado até hoje pelo policiais civis comandados por Moreira. Bruno foi preso em 7 de julho de 2010 e continua na cadeia. O julgamento ainda não foi marcado. O advogado Ércio Quaresma também não teve tanto sucesso na defesa do atleta. Assumiu o caso no início de julho do ano passado e foi demitido quatro meses depois, quando a família de Bruno denunciou que estava sendo ameaçada pelo advogado. À época, viciado em crack, Quaresma temia perder o caso. No mês passado, o advogado retornou ao processo que investiga o desaparecimento de Eliza Samudio. Desta vez, para defender o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, suspeito de participar do suposto assassinato da modelo.

Convenção

O presidente do PV de Belo Horizonte, deputado estadual Délio Malheiros, confirmou a intenção de Quaresma de disputar vaga na Câmara de Belo Horizonte. Ponderou, no entanto, que a decisão sobre quem será candidato será tomada somente na convenção do partido. A legislação eleitoral prevê que legendas definam quem disputará as eleições até 30 de junho. O número de candidatos a ser lançado por cada sigla não pode superar uma vez e meia o total de vagas em disputa. No caso da Câmara de Belo Horizonte, que tem 42 cadeiras, o número máximo de concorrentes é 63.

Malheiros disse que a preferência na escolha, caso haja mais concorrentes que o teto previsto, será dada a quem, na avaliação do partido, poderá alcançar maior número de votos. Será analisada ainda a idoneidade dos pré-candidatos. “O PV não vai aceitar, por exemplo, alguém com condenação criminal por danos ao meio ambiente ou por desvio de recursos públicos”, argumentou. Quaresma, então, está no páreo.