A primeira justificativa dada pela Chesf foi um problema em uma subestação de Pernambuco. A presidente não gostou e convocou uma grande reunião com todos os presidentes de estatais do setor elétrico. A Chesf viu-se então obrigada a rever sua posição e admitir que era a responsável direta pelo blecaute.
Para substituir Dilton, Campos sugeriu o nome do secretário de Recursos Hídricos, João Bosco de Almeida, funcionário de carreira da empresa. Com a senha oficial para a substituição dada, os demais partidos se ouriçaram e cresceram o olho sobre o cargo, em especial o PMDB – que já tem o Ministério de Minas e Energia – e o PT, que disputa com o PSB a hegemonia no Nordeste.
Agora, diante do litígio entre os partidos, cabe a Dilma arbitrar essa partida e destravar as indicações que faltam. A Codesvasf, por exemplo, é dirigida por Clementino Coelho, irmão do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho. Clementino comanda a Diretoria de Desenvolvimento Integrado e Infraestrutura da empresa desde o início da era Lula. Com a saída dos indicados pelo PMDB da Bahia, no fim do governo, passou a responder interinamente pela presidência. O PSB aguarda um sinal do Planalto para que possa ficar livre do constrangimento de ter o irmão do ministro respondendo por uma empresa ligada à pasta.
Quem pita
Além da Presidência da Codevasf, faltam várias indicações para a empresa nos estados. No Piauí, por exemplo, os senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Wellington Dias, do PT, não chegaram a um acordo sobre quem ocupará a regional da companhia. Enquanto não houver um entendimento, a nomeação não sai. O mesmo vale para as diretorias do Dnocs.
Esses cargos do Nordeste são os que mais incomodam o Planalto hoje. Na avaliação do Poder Executivo, alguns postos que os aliados ainda sonham em substituir são considerados “caso encerrado” por Ideli Salvatti. Na semana passada, o PMDB de Minas Gerais ameaçou uma rebelião por causa do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). O partido emplacou o presidente, mas divide as diretorias com outros aliados, sendo uma do PTB e duas do PT, inclusive a de Finanças. Irritado com essa divisão, o PMDB mineiro cogitou até mesmo entregar a presidência. E ouviu do governo que não haverá troca na área financeira. Até o momento, o Planalto não recebeu a carta de demissão do presidente. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, já fez até mesmo a solenidade de posse da diretoria e a ordem de Dilma é que não se mexa mais no DNPM. “A única possibilidade de troca seria nas vagas já ocupadas pelo PMDB. Eles não terão um cargo a mais”, garantiu um auxiliar da presidente Dilma.
Os papéis de cada setor do governo em relação a quem apita na hora de distribuir determinados cargos estão bem definidos. No caso das agência reguladoras, Dilma já fez chegar aos partidos que as indicações devem ser feitas diretamente ao seu gabinete. Em novembro, termina o mandato do diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP), Haroldo Lima. O PCdoB tentará manter o cargo sob a sua jurisdição, mas ainda não se definiu por um único nome. Uma coisa é certa: nessa seara, a única pessoa a ser convencida sobre o currículo do indicado é a presidente Dilma.