Collor defendeu em seu parecer que determinados papéis, como aqueles considerados segredos de Estado, permaneçam sigilosos indefinidamente. “Preocupou-nos, no projeto como nos foi apresentado, o excesso em se tornar públicas informações cuja natureza seja eminentemente sigilosa em qualquer nação do globo. Destacamos aqui aquelas oriundas de comunicação entre a chancelaria e as missões diplomáticas, as produzidas no âmbito da Defesa e das Forças Armadas (como os planos militares e a doutrina de emprego das Forças), os dados sensíveis na área de pesquisa tecnológica de ponta e o conhecimento produzido pelos serviços secretos. A divulgação de informações com esse teor constituiria verdadeira oficialização do WikiLeaks, que tantos desconfortos gerou entre as maiores democracias do planeta”, escreveu o ex-presidente da República e hoje senador.
O entendimento de Fernando Collor contou com o apoio de colegas no Senado, como Marcelo Crivella (PRB-RJ). Houve um pedido de vista coletivo para que todos reavaliem o projeto e retomem a votação na semana que vem. À tarde, Collor se reuniu com um grupo de parlamentares da Casa para explicar as suas preocupações. Um dos pontos mais polêmicos do substitutivo do ex-presidente é que a proposta passa a exigir justificativa para qualquer pedido de informação.
Reação
O PT não gostou. O senador Walter Pinheiro (BA) disse ao Correio que o projeto nem deveria ter sido analisado pelo Comissão de Relações Exteriores, presidida por Collor. “Já votamos a proposta em três colegiados. Não tinha que levar esse projeto para outro. Se o Jucá quer deixar debater na CRE, que retire a urgência. A comissão que trata desse tema é a de Comunicação. Se Jucá quer debater, que diga isso aos senadores e retire o pedido de urgência no plenário”, reclamou. “Esse projeto que veio da Câmara vai permitir que não tenhamos vergonha de olhar nosso passado. O projeto do Collor é um retrocesso”, afirmou o petista.