(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Salão do Turismo de 2011 foi realizado sem concorrência

Empresa com capital social de R$ 210 mil participou sozinha da disputa por um contrato de R$ 10 milhões. Ex-número dois do Turismo, preso pela PF, acompanhou todo o processo


postado em 20/08/2011 06:00

Brasília – O Salão do Turismo de 2011 em São Paulo, principal evento promovido pelo Ministério do Turismo, foi realizado sem concorrência. A empresa Promo Inteligência Turística ganhou o contrato de R$ 10,4 milhões sem a necessidade de competir com ninguém em um negócio bastante atrativo. A vencedora da "concorrência" não só assinou a parceria com o governo federal como tornou-se organizadora exclusiva para comercializar os espaços. Para a Promo, isso significou acordos com diversas secretarias estaduais de Turismo e até com órgãos estatais. E representou também, dois dias antes da abertura da feira, um aditivo contratual de quase R$ 350 mil.

A publicação do edital de licitação ocorreu em 19 de janeiro. Doze dias depois, as empresas deveriam apresentar as documentações exigidas. Segundo o ministério, quatro retiraram o edital, mas apenas a Promo se interessou. As outras três firmas especialistas no setor turístico alegaram ao Estado de Minas, com a condição de que seus nomes não seriam divulgados, que a oferta do governo não era vantajosa o suficiente para entrar na jogada. Por isso, desistiram. Elas deixaram caminho livre para uma empresa formada em 2008, com capital inicial de R$ 10 mil, que, segundo a Junta Comercial de São Paulo, foi alterado para R$ 210 mil em 27 de abril de 2010. A Promo tem como sócias Gisele Antunes Lima Assumpção e Silvana Fiaccadori Torres, além da empresa de capital fechado Grupo Brasileiro de Marketing e Comunicação (GBMC). A GBMC tem Gisele e Silvana como únicas sócias.

A concorrência teve como presidente da comissão especial de licitação, Isabel Cristina Barnasque, que em 2 de março comunicou aos interessados no certame que ele havia sido homologado à Promo Inteligência Turística. Um mês e 11 dias depois, o ministro do Turismo, Pedro Novais, nomeou a mesma servidora como coordenadora-executiva do Salão do Turismo. Servidores da Comissão de Licitação, que conversaram com o Estado de Minas com a garantia de ter as identidades preservadas, comentaram que o então secretário-executivo Frederico Silva da Costa, preso na Operação Voucher da Polícia Federal, acompanhou com interesse peculiar todo o processo, tomando conhecimento dos mínimos detalhes.

Investigação O ministro Pedro Novais assinou, 14 dias depois de promover Isabel Cristina à coordenadora-executiva do Salão do Turismo, uma portaria dando plenos poderes a Frederico Silva da Costa. O então secretário-executivo era o ordenador de despesas da pasta. Nos grampos telefônicos realizados pela PF, Costa é chamado pelos principais investigados de “reverendo”e “bambambã” do ministério. A Secretaria Executiva também assinou o contrato inicial e autorizou um aditivo no contrato. Em 11 de junho, dois dias antes da abertura do Salão do Turismo, o contrato de R$ 10,4 milhões foi elevado em R$ 347,8 mil, de acordo com a nota de empenho número 2011NE800177, disponível no Portal da Transparência do governo federal.

A Promo Inteligência Turística informou, via assessoria de imprensa, que tomou conhecimento de que não havia empresas interessadas na realização do Salão do Turismo na data da abertura dos envelopes. A empresa disse ainda não ter relações com o ex-secretário-executivo da pasta Frederico Silva da Costa, e que nunca se encontrou com o ministro Pedro Novais.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)