Uma das estratégias defendidas pela cúpula do PSDB é mostrar que o governo Dilma é a continuidade do governo Lula. “Não dá para dissociar um do outro, os erros e acertos da gestão atual remetem às influências e decisões tomadas durante o governo Lula”, disse o deputado Antônio Imbassahy (PSDB-BA). O tucano baiano não acredita que a intervenção pública feita na semana passada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso seja um temor implícito do PSDB de ter que enfrentar Lula em 2014. “FHC afirmou que seria ruim para ele (Lula) e para nós se o petista concorresse novamente à Presidência da República daqui a três anos”, disse Imbassahy. “Não creio que ele tenha se referido à disputa personalizada. Fernando Henrique fez uma análise de Estado, mostrando que é ruim alguém que foi reeleito presidente disputar mais um mandato presidencial", acredita Imbassahy.
O dilema remete a 2005, quando a CPI dos Correios investigou o suposto esquema de mensalão do governo federal. PSDB, DEM e PPS ensaiaram um pedido de impeachment do presidente Lula. Mas sabiam que o êxito do movimento dependeria da adesão das camadas sociais organizadas do país e essas passaram a carregar Lula nos braços. “O Lula é nosso amigo, mexeu com ele, mexeu comigo”, entoou, na época, a Central Única dos Trabalhadores (CUT).
A oposição optou, então, por “sangrar o governo” até as eleições de 2006, avaliando que, dessa maneira, Lula disputaria a eleição fragilizado. A estratégia não deu certo, Lula foi reeleito em segundo turno – não venceu no primeiro por causa do escândalo dos aloprados e por ter faltado ao último debate na televisão. Agora, os tucanos novamente se debatem para saber como agir.
Para não dizer que a oposição só perdeu com esse antigo episódio, tucanos e demistas vislumbram a possibilidade de o processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal ser votado no ano que vem, em pleno período de eleições municipais.
Contradições
Para o deputado Alfredo Kaefer (PSDB-PR), o partido não pode, em nenhum momento, fugir do seu papel de fiscalizar o governo federal. “Até mesmo porque, com a desorganização na base aliada, nossa tarefa fica mais fácil. Basta apontar as contradições”, diz. Já o deputado Alberto Mourão (PSDB-SP) defende que esse debate seja travado apenas mais à frente. “É muito cedo para apontar derrotados e vitoriosos nas eleições de 2014. O que está ruim hoje pode mudar para bom amanhã”, justificou.
Mourão acredita que o trabalho do PSDB deve ser mostrar que o partido é uma alternativa consistente para 2014, independentemente de qual for o candidato lançado pela coalizão governista. “Não podemos pensar em ganhar uma eleição pela fraqueza do nosso adversário, mas pelo fato de nós sermos melhores do que eles”, completou o tucano paulista.