Jornal Estado de Minas

Adriano Ventura e Cabo Júlio podem ser punidos pela Câmara de BH por agressão

Leonardo Augusto Marcelo da Fonseca
Denunciados à Polícia Civil por agressão contra mulheres, os vereadores Cabo Júlio (PMDB) e Adriano Ventura (PT) poderão ser punidos pela Câmara Municipal. O Artigo 26 do Regimento Interno da Casa prevê censura, afastamento temporário do exercício e até cassação para o parlamentar que “atentar contra a dignidade do mandato ou que descumprir os deveres inerentes a ele”.
O corregedor da Câmara, Edinho do Açougue (PTB), no entanto, afirma que qualquer medida só poderá ser tomada depois de concluída investigação da própria Câmara, que só terá início se houver denúncia à Casa contra os parlamentares. “Sem sermos provocados não é possível fazer nada”, argumenta Edinho.

Na quinta-feira, os dois vereadores foram parar na delegacia. Cabo Júlio teria agredido a ex-mulher, Márcia Chanon, que chegou de surpresa na casa em que o casal vivia quando casados, no bairro Braúnas, região Norte da cidade, e o encontrou com a nova namorada, a delegada Fernanda. O vereador e a ex-mulher foram prestar depoimento na delegacia de mulheres.

Márcia afirma ter sido agredida pelo parlamentar e prestou depoimento com a intenção de enquadrar Cabo Júlio na Lei Maria da Penha. Já o vereador diz que, na verdade, apanhou, e mostrou escoriações pelo corpo. O episódio envolvendo Adriano Ventura ocorreu no bairro Santa Maria, região Noroeste da cidade. O vereador teria parado o carro na garagem da casa de Fernanda Moreira. Depois de discussão, teriam se agredido. Em sua página no twitter, o parlamentar disse que cinco viaturas da Polícia Militar foram colocadas para localizar seu veículo. A justificativa para tamanho esforço da polícia, conforme Ventura, é que Fernanda seria mulher de um capitão da PM. O carro do parlamentar foi encontrado em frente a uma rádio em que trabalha, no mesmo bairro, e apreendido por documentação irregular.

Repercussão

Na tarde desta sexta-feira Cabo Júlio e Adriano Ventura foram até a Câmara para explicar aos colegas sobre os problemas do dia anterior. Eles tiveram o tempo estendido durante o pinga-fogo para contar sua versão dos fatos. “Fiz questão de vir ao plenário pedir desculpas pelos acontecimentos da minha vida pessoal e que, lamentavelmente, ganharam uma dimensão muito grande. Quero me desculpar com meus companheiros pela exposição negativa que a Casa teve, espero que tudo fique bem esclarecido e superado”, afirmou Cabo Júlio.

Já Adriano Ventura, lamentou a forma com que o deputado Sargento Rodrigues criticou sua conduta e voltou a questionar a ação policial que, segundo ele, teve um número desnecessário no caso. “Foi muito triste ficar sabendo que um companheiro do legislativo se pronunciou sobre minha atitude, condenando o que fiz sem nem saber o que de fato se passou”, disse o vereador, pouco depois de prestar depoimento na ouvidoria da polícia. Os dois receberam apoio dos outros vereadores, que também criticaram a forma como o fato foi falado na Assembleia.