Jornal Estado de Minas

Mulher de presidente do TCU ganha cargo do PR no Senado

AgĂȘncia Estado
Maria Lenir Ávila Zymler, mulher do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Benjamin Zymler, foi nomeada assessora do PR no Senado, partido de Alfredo Nascimento, ministro dos Transportes - o órgão com o maior número de obras com irregularidades graves apontadas pelo TCU.
A nomeação foi para o cargo de assistente parlamentar 2, informa a edição de segunda-feira do Diário Oficial da União. O posto tem salário bruto mensal de R$ 8.168 e rende líquidos R$ 6.959, já considerado o pagamento do auxílio-alimentação. Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) consultados pela reportagem classificaram a nomeação da mulher do presidente do TCU para um cargo no Congresso de nepotismo.

De acordo com interpretação do STF, publicada na Súmula Vinculante nº 13, é proibida a nomeação de cônjuge e parentes até o terceiro grau de autoridade para cargo de confiança na administração pública em qualquer um dos Poderes. O TCU é um braço do Congresso para o exercício do controle externo. Sua principal função é fiscalizar os atos do Executivo.

Posse

Na terça-feira, ao ser procurado pela reportagem, Zymler telefonou para a mulher. Os dois combinaram que ela não tomaria posse. A liderança do PR no Senado, onde Lenir deveria assumir o cargo, não havia sido informada no fim da tarde da desistência. Zymler informou que a mulher pediria a anulação do ato que a nomeou. Num primeiro momento, disse que não se manifestaria sobre suposto conflito de interesses. Mais tarde, informou que a desistência do cargo ocorreria apesar de não haver, segundo análise do TCU, nenhum obstáculo do ponto de vista legal à nomeação.

Por meio de sua assessoria, Zymler ainda informou que Lenir “não tinha interesse” em assumir o posto. Não deu detalhes também sobre como ocorreram o convite e a nomeação, assinada pela direção do Senado na quarta-feira passada.

Procurado pela reportagem, o ministro Alfredo Nascimento não quis se manifestar sobre a nomeação. Por meio de sua assessoria, informou que, apesar de ser o presidente nacional licenciado do PR, “não acompanha nem interfere na rotina diária dos gabinetes dos parlamentares e lideranças da legenda no Congresso Nacional”.