Depois de várias reuniões e momentos de tensão, a vereadora Luzia Ferreira (PPS) conseguiu consolidar a sua candidatura a presidente da Câmara de Belo Horizonte com o apoio de 25 colegas – integrantes dos grupos aliança e independentes – e deve ser a próxima presidente do parlamento municipal. O número já é suficiente para garantir a sua eleição no dia 1º, mas nesta quarta-feira pela manhã, em um encontro com representantes do terceiro grupo que está na disputa, os novatos, seus aliados tentarão um consenso que permita uma chapa única. A eleição de Luzia Ferreira para a presidência da Câmara significará a estréia de uma mulher no comando na Casa em 64 anos.
Com a garantia da presidência para o grupo aliança, a proposta é que os demais cinco cargos da Mesa Diretora (dois vices-presidentes e três secretários) sejam divididos entre independentes e novatos. Discussão que levou a um impasse entre os dois grupos: ambos não abrem mão de indicar nomes para a primeira vice-presidência. A divergência foi debatida durante todo o dia e partiu dos novatos a proposta de os dois grupos se unirem para lançar um candidato próprio à presidência: aquele que indicasse o comando deixaria o cargo de vice para o outro grupo.
A alternativa levou a uma nova reunião entre os 14 integrantes dos independentes – que resolveram negar a proposta e se manter ao lado de Luzia Ferreira, candidata que tem o apoio do prefeito eleito Márcio Lacerda. Durante todo o dia, a própria vereadora e seus aliados atuaram como bombeiros na tentativa de um consenso entre os outros dois grupos. Trabalho que teve a participação de Mário Assad Júnior, indicado na segunda por Lacerda para ocupar a Secretaria de Assuntos Institucionais. Logo depois das eleições, ele já havia ficado responsável pela articulação política junto aos vereadores.
Até terça à noite, o esforço foi em vão. “O consenso que acreditamos é ficarmos com a primeira vice-presidência”, argumentou o vereador Pablo Cesar de Souza (PTC). Os novatos só vão aderir à candidatura de Luzia Ferreira se for acertada a divisão dos três principais cargos da Mesa Diretora entre os grupos: aliança (presidência), secretaria-geral (independentes) e primeira vice-presidência (novatos). O problema é que os independentes não abrem mão de indicar os nomes dos dois últimos. Nesta quarta-feira pela manhã, tentarão um novo acordo.
Bióloga
Eleita com 7.349 votos, Luzia Ferreira estréia o segundo mandato na Câmara de Belo Horizonte como a primeira mulher a presidir o Legislativo da capital. Aos 57 anos, a bióloga que tem no currículo a administração das regionais Oeste, Venda Nova e Nordeste promete transparência nos trabalhos da Casa. Para isso, propõe que a própria Mesa Diretora apresente um projeto de lei complementar com regras para maior acesso da população às atividades e gastos públicos, o que inclui a prefeitura.
“Quero garantir a minha experiência na vida pública para garantir visibilidade à presença da mulher na política, que é predominantemente masculina”, planeja a vereadora, que pretende ainda desenvolver um trabalho de valorização do Legislativo municipal e maior proximidade com a população. “Temos o desafio de ajudar a pensar a cidade no médio e longo prazo. E somos o único poder a que o cidadão tem acesso para se manifestar”, justifica.