(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Governo exonera dirigentes da Abin e da PF

Medida foi tomada para acabar com desgaste provocado por impasse institucional


postado em 28/12/2008 08:24 / atualizado em 08/01/2010 03:53

Paulo H. Carvalho/CB/D.A P ress - 20/8/08
Afastado desde os desdobramentos da Operação Satiagraha, Paulo Lacerda deixará definitivamente a direção da agência
-->Nem a favor, nem contra, muito antes pelo contrário. É neste estilo mineiro de fazer política que o governo Lula pretende pôr fim à crise institucional entre a Polícia Federal (PF) e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que se arrasta desde junho, quando foi deflagrada a Operação Satiagraha, tendo como alvo principal o empresário Daniel Dantas, suspeito de lavagem de dinheiro, corrupção, entre outros crimes. A saída encontrada pelo governo para apagar o rastro de problemas trazidos pela Satiagraha é a troca dos comandos tanto da Abin quanto da PF, já que as duas instituições abrigam grupos dissidentes de delegados e agentes.

Ou seja: deixam o governo definitivamente o delegado federal Paulo Lacerda, que comandou a PF durante o primeiro mandato do presidente Lula e está afastado da direção da Abin desde a suspeita da existência de um grampo ilegal no gabinete do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, e também o atual diretor da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, que fez questão de tirar dos postos-chaves da corporação todos os ex-colaboradores de Lacerda, seu antecessor. A troca dos comandos pautou as conversas durante a festa de confraternização da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, na última semana.

Na verdade, Paulo Lacerda tem a confiança e o reconhecimento de Lula, conquistada a partir de operações policiais de grande impacto e das investigações dos vários escândalos políticos realizadas no seu primeiro mandato. Mas admite que é difícil o retorno de Lacerda ao comando da Abin, em razão do desgaste das relações com o Supremo Tribunal Federal. Dezenas de servidores da agência tiveram participação na Operação Satiagraha, com o conhecimento do delegado, e são suspeitos do grampo no Supremo. Assim sai Lacerda, mas, para não enfraquecer apenas uma das correntes, Corrêa vai também para o sacrifício.

Ronaldo de Oliveira/CB/D.A Press 9/9/08
Por ter gerado crises desde que assumiu, Luiz Fernando Corrêa será desligado para não fomentar divisões na corporação policial
SOCORRO


Até mesmo porque,em um ano e meio de administração, Luiz Fernando Corrêa gerou mais crises do que o Planalto gostaria. Ao assumir, causou mal-estar entre os colaboradores diretos de seu antecessor, sugerindo a aposentadoria dos servidores mais velhos. O bate-boca paralisou trabalhos e ganhou as ruas. Depois subestimou o trabalho de apuração do delegado Protógenes Queiroz, coordenador da Operação Satiagraha, negando apoio necessário para o trabalho. Protógenes pediu socorro, então, ao ex-chefe Paulo Lacerda e foi atendido.

Desta forma, Corrêa e seus auxiliares ficaram sem informação sobre o andamento das investigações até a operação ser deflagrada. E, para finalizar, o segundo homem de sua administração, o delegado Romero Menezes, diretor-executivo da PF, foi preso e denunciado sob a acusação de vazar informações para seu irmão José Gomes de Menezes, que trabalhava no ramo de segurança privada e limpeza para a MMX, do empresário Eike Batista. A empresa foi alvo de uma operação por ter sido supostamente beneficiada numa licitação para a Estrada de Ferro do Amapá.

Neste caso também, Corrêa estava desavisado, segundo auxiliares próximos, e sobrou para ele a missão de informar a seu homem de confiança a ordem de prisão. “A decisão do diretor geral de descentralizar as operações transferindo para as superintendências da PF todos os inquéritos, prejudicou o fluxo de informação com o centro de decisões, em Brasília”, analisa uma fonte. O diretor-geral nega qualquer crise institucional e, ao divulgar o balanço de 2008, considerou o resultado positivo. Disse que o número de inquéritos foi maior que o de 2007 e que mais réus foram presos preventivamente, o que indica que as provas colhidas foram mais robustas.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)