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Estado de Minas

Peritos contestam gravações de Daniel Dantas

Especialistas contratados pelo banqueiro para analisar trechos de conversas enviados pela PF à Justiça concluem que elas foram manipuladas


postado em 01/12/2008 07:30 / atualizado em 08/01/2010 03:59

A Justiça Federal de São Paulo decide se anexa, nos próximos dias, ao processo criminal, em tramitação na 6ª Vara, laudo pericial particular que analisou as gravações telefônicas e de ambiente feitas durante a Operação Satiagraha, que tinha como seu principal alvo o banqueiro Daniel Dantas, suspeito de crimes contra o sistema financeiro.

No trabalho, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Peritos em Comércio Eletrônico e Telemática (IPB Brasil), de São Paulo, quatro peritos concluíram que parte das gravações anexadas pela Polícia Federal aos autos não são originais e passaram por algum tipo de manipulação. Concluem ainda que houve erros crassos como troca de datas e supressão de falas em alguns trechos das gravações.

E mais. Atestam que, pelos diálogos captados, o delegado Protógenes Queiroz, coordenador da operação, tinha amizade e intimidade com o professor e lobista Hugo Chicaroni, que teria intermediado a tentativa de suborno do banqueiro aos federais. Em uma das gravações, Chicaroni conta ao também delegado federal Vitor Hugo, outro envolvido na Satiagraha, que sempre sai com Protógenes em Brasília para tomar chope e jogar conversa fora.

Conta ainda que, no último encontro na capital federal, o delegado lhe passou informação de trabalho e disse: “P..., só o fato da gente tá conversando aqui esse troço já tem que valer alguma coisa”. Esse relato teria ocorrido no dia 16 de junho, em São Paulo, depois de um almoço entre Protógenes, o delegado Vitor Hugo e Chicaroni.

O parecer técnico, datado do dia 16, foi encomendado pelo Opportunity Gestora de Recursos Ltda., uma das empresas do grupo de Dantas, e teve como base os arquivos digitais de computador da operação policial apresentado à Justiça. A cópia do material foi fornecida à defesa do banqueiro com autorização do juiz da 6ª Vara da Justiça Federal, Fausto de Sanctis, que já está com o processo para dar sentença. No laudo do IBP consta apenas um diálogo telefônico de Daniel Dantas com seu braço direito Humberto Braz. Na conversa, que teria ocorrido em 29 de abril, eles falam sobre a investigação da Polícia Federal. No entanto, foi informado à Justiça pela Polícia Federal que a conversa teria sido em 5 de maio.

Os peritos concluem ainda, neste item, que “o tecido sonoro da gravação apresenta uma zona de silêncio mais extensa do que seria normal para uma chamada telefônica e isso ocorre justamente na região onde o solicitante indica existir quebra na linearidade do discurso”. No trecho, o banqueiro quer saber de Humberto se é mesmo Protógenes quem toca a investigação da PF e, depois de silêncio, a resposta é desconexa: “Sei, o que é, é o que eu acho também, é o que acho também. Aliás, eu não tenho dúvida nenhuma, até porque senão não teria…”. Outras gravações também apresentam registro diferente do dia em que foram captadas e há ainda aquelas com erros de transcrição.

Sem autorização

O delegado não foi localizado pela reportagem em sua residência, em Brasília. Um de seus advogados, Luiz Gallo, disse que não podia comentar as acusações, pois além, de desconhecer o parecer técnico, não conhece o inteiro teor da defesa de Dantas, pois defende o delegado no processo de vazamento de informações. “Sei só que Daniel Dantas tem feito muitos ataques ao meu cliente. Mas entendemos, porque ele não tem alternativa, já que tudo o que foi levantado contra ele está sendo comprovado”. Gallo diz que não tinha autorização para entrar em contato com o delegado e que só iria se encontrar com ele hoje.


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