Entenda o VAF e a partilha
Embate De um lado, Marília Campos questiona a legalidade do decreto, que, segundo ela, fere os critérios de distribuição definidos pela Lei Complementar 63/90 e a Lei Complementar 87/96 (Lei Kandir). Com ela faz coro Dalmy Freitas de Carvalho, auditor fiscal e secretário-adjunto de Fazenda. “O VAF de algumas cidades está sendo inflado em prejuízo de outras por conta da forma de fazer a contabilidade de grandes empresas que têm matriz em um município e sede em outros”, denuncia ele, em referência às perdas no índice que apura a movimentação econômica de Contagem que decorrem sobretudo da contabilidade da Souza Cruz. De acordo com Dalmy, em decorrência do ajuste de transferência, Contagem está perdendo R$ 6,3 milhões ao ano. Em contrapartida, aponta ele, Uberlândia ganha R$ 31,6 milhões.
De outro lado, Odelmo Leão não deixa por menos e diz que por critérios políticos o cálculo do VAF no passado teria prejudicado Uberlândia: “A Constituição Federal é clara e determina que cabe ao estado fazer a regência do ICMS. A fábrica é aqui, as questões sociais dos trabalhadores são aqui, a escola que temos de oferecer aos filhos estão aqui, assim como a saúde e a segurança públicas”.
Odelmo avisa que, embora o mandado de segurança interposto por Contagem junto ao Tribunal de Justiça tenha por objetivo suspender o decreto estadual que institui o ajuste de transferência, Uberlândia está acompanhando de perto a ação. “Eles brigam com o estado, mas o resultado vai se refletir em Uberlândia. As empresas de Contagem, as fábricas de Contagem, não queremos pegar nada delas. Mas o que é nosso é nosso”, rebate ele. Esse embate promete se alongar na Justiça.